“A gente não controla outras coisas, então a gente controla pelo menos o corpo”, afirma Luiz de Abreu, vencedor do grande prêmio no 18º Festival. Partindo da música Samba do Crioulo Doido, de Stanislaw Ponte Preta, o bailarino fala de sua peça como uma tentativa de demonstrar como o negro é – ao contrário do que diz a canção – capaz de dar forma a si próprio e à História na qual se insere. Assumindo o caráter autobiográfico da obra, se autodescreve como alguém “entranhado” no Brasil, não por razões ufanistas, mas apenas por reconhecer uma inevitável relação de pertencimento. Considera que silenciar diante desse fato seria também uma forma de posicionamento, preferindo, então, se apropriar de seu país e tentar dar forma a ele à sua maneira. Com relação ao bom humor de seu trabalho, relata como ele surge espontaneamente, quase como uma forma sábia do brasileiro na lida com suas próprias tragédias. Comenta ainda, a experiência de se apresentar num espaço dedicado às artes visuais e sua relação com o Festival.