Os irmãos Paulo e Ricardo Miyada conversam com o público e exibem dois vídeos - dirigidos por Paulo, com fotografia e edição de Ricardo -   como resultado das ações de ativação da Itinerância do 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil em São Carlos.

No vídeo Mixtape: Videobrasil - realizado durante a exposição no Sesc Pompeia - o diretor optou pelo improviso e pelo trabalho com não-atores, estabelecendo apenas algumas situações pré-determinadas a partir das quais deveriam reagir. Na escolha dos protagonistas, selecionou um casal habituado ao mundo das artes, público típico de mostras, museus, galerias e bienais, além dos educadores, que relatam situações que realmente presenciaram durante sua jornada de trabalho. Assim, o enredo se estrutura entre ficção e realidade, se apresentando tanto como registro documental sobre a relação do publico, quanto como artifício cênico.

Já no curta-metragem Mixtape 2: Videobrasil, as crianças Ana Luiza Vellani Marino e Nicolas Pereira de Mori são os protagonistas. Em diálogos provocados por Natália Pelizari e Raphaela Melsohn, respondem a questões como ‘O que é um artista?’ e ‘Para que serve a religião?’. “Coisa que um adulto teria mais dificuldade de fazer, pois poderia achar a pergunta agressiva, ficar na defensiva...”, explica Paulo. De forma espontânea, as crianças tratam de questões como arte, religião, crença e identidade, contribuindo para uma reflexão crítica sobre as obras, a partir do confronto entre suas perspectivas e a recepção do público.

Durante o debate, Paulo Miyada explica sua intenção de chamar atenção para os momentos após a abertura de uma exposição, para o que acontece quando parece que nada ocorre. Segundo ele, curadores, artistas e produtores dedicam muita atenção à produção e pouca à recepção, limitando seu envolvimento à data de abertura. Geralmente, a partir daí, já começam a pensar na próxima mostra, enquanto educadores, seguranças, bilheteiros vivem esse segundo momento, quando o público inicia a visitação e passa a construir novos sentidos a partir dos diálogos que estabelece com as obras. “O que as pessoas trazem para uma exposição? Como elas reelaboram o sentido das obras, quando o seu conjunto de crenças e ideologias se cruzam com as intenções e atitudes artísticas? Para mim, uma exposição é como um presente. Cada vez que dou um presente para alguém, posso receber algo em troca. Quero entender como podemos receber as recíprocas do público.”, finaliza Miyada.

Paulo Miyada (São Paulo, Brasil, 1985) Arquiteto e urbanista, desenvolve trabalhos práticos e teóricos sobre as representações audiovisuais das cidades. Realizou em 2008 o documentário Tododia-feira (2008)

Ricardo Miyada (São Paulo, Brasil, 1989) é formado no curso de Audiovisual na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. É diretor, fotógrafo, roteirista e escritor.