Paulo e Ricardo Miyada apresentam o terceiro vídeo da série Mixtape: Videobrasil  e conversam com o público como resultado das ações de ativação da Itinerância do 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil em Campinas.

Os irmãos produziram a série para ponderar sobre o crucial papel desempenhado pelo público: o de completar o sentido das obras com seus repertórios e históricos pessoais. Paulo e Ricardo propõem dar maior importância à participação do público, que deve ser colocado não mais como figurante, mas como “coadjuvante, pelo menos” das obras e exposições. No projeto Mixtape: Videobrasil, consideram que, frequentemente, o público não é tratado desta forma, mas em termos de “censo” ou “população”.

Atentos ao conjunto diverso que atua com a obra de arte, os Miyada optaram por abordar diferentes públicos em cada um dos vídeos: no primeiro, aquele que chamaram de “especializado”; no segundo, o “espontâneo” e no terceiro, o “potencial”. Os três aparecem no vídeo final da série Mixtape: Videobrasil Campinas – o primeiro e o segundo através de personagens e cenas introduzidos anteriormente e reinseridos no último volume da trilogia.

Os vídeos tiveram cada vez menos especificidades e roteirizações, tornando-se progressivamente mais amplos. No primeiro, um casal fictício já familiarizado com o ambiente artístico e os valores estéticos (um designer e uma arquiteta) receberam palavras-chave que norteavam o vídeo, embora não houvesse um script a seguir. No segundo, com crianças, os realizadores não esperavam que elas fossem capazes de sustentar um longo discurso sobre certos assuntos sem estímulo – tratava-se de um público em pleno processo de formação. Portanto, a discussão era não conduzida, mas alimentada por interlocutores.

No terceiro, a abstrata pergunta “como vai ser a vida daqui a 30 anos?” foi posicionada por uma jovem entrevistadora grávida ao público que chegava ao Sesc Campinas ou que visitava a mostra em sua noite de abertura. Os 30 anos, que poderiam ter sido definidos arbitrariamente, pretendem uma conexão com os 30 anos do Festival, completados em 2013 e celebrados dentro da 18ª edição. O questionamento pode ter sido, na opinião de Paulo e de Ricardo, posicionado precocemente. O público não estava devidamente imerso no conteúdo da exposição e a sutileza da gravidez da entrevistadora – para quem as respostas ou projeções teriam grande relevância – não reverberou da maneira imaginada. Paulo Miyada relata que, precisamente por estarmos em um momento presente tão surpreendente, poderiam ter sido criados, com facilidade, inúmeros exercícios de projeção para o futuro.

Paulo Miyada (São Paulo, Brasil, 1985) Arquiteto e urbanista, desenvolve trabalhos práticos e teóricos sobre as representações audiovisuais das cidades. Realizou em 2008 o documentário Tododia-feira (2008).

Ricardo Miyada (São Paulo, Brasil, 1989) é formado no curso de Audiovisual na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. É diretor, fotógrafo, roteirista e escritor.