Haroon Gunn-Salie apresenta suas obras que integram a exposição Agridoce, resultado do 1º Prêmio SP-Arte/Videobrasil, que selecionou o artista sul-africano pela sua participação no 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, e discorre sobre o processo de desenvolvimento do projeto. Logo após retornar do Brasil, ocorre o desastre em Mariana, Minas Gerais, onde barragens da mineradora Vale se rompem, destruindo cidades e causando danos ambientais e sociais imensuráveis. O artista comenta como o impacto socioambiental da tragédia o mobilizou a resgatar a dimensão humana da história. Por meio de colaborações artísticas com residentes que se recusam a ser retirados do local e ainda vivem nas áreas mais afetadas dos bairros de Paracatu de Baixo e Pedras, Haroon Gunn-Salie dá seguimento à sua metodologia, que consiste em uma prática artística colaborativa, baseada no diálogo, na qual traduz narrativas de grupos sociais e comunidades que permanecem isolados ou marginais. O artista fala sobre como sua obra serve de veículo para a representação das histórias de vida e a reconstituição da experiência do desastre. O artista apresenta os elementos que constituem a exposição. Uma instalação site-specific reconstrói parte de uma das casas inundadas, permitindo ao espectador se por no lugar dos moradores através de uma linguagem visual que fala por si.  Associado à instalação, um vídeo registra o processo de deslocamento desses escombros de Mariana a São Paulo, indicando que aquela não é apenas uma reconstrução, mas a própria casa de alguém. Um segundo vídeo registra um casal de moradores, João e Maria Ângelo, reencenando o momento em que visitam, pela primeira vez, sua casa inundada pela lama. Os sons produzidos pelo deslizamento de lama são reproduzidos em uma instalação sonora por meio de uma vocalização realizada por um dos moradores. Fotografias são expostas, documentando a intervenção social do artista nas áreas afetadas. A exibição de um tambor que era utilizado para a realização da festa de Folia de Reis atesta o impacto cultural do desastre e, para o resgate dessa memória coletiva, foi realizada uma apresentação da Folia na abertura da exposição. Por fim, o artista fala sobre como a arte pode ter um impacto social real e assim mudar uma situação concreta ao materializar a memória coletiva.