Biografia comentada Eduardo de Jesus, 06/2005

A formação de Marcellvs L. é ampla e inclui uma parte no ambiente acadêmico e outra com aulas de música desde a infância e muita leitura. Ainda hoje o artista dedica algumas horas do dia ao estudo de piano. As preferências vão desde os compositores húngaros Béla Bartók (1881-1945) e Gyorgy Liget (1923) até Erik Satie (1866-1925) e Claude Debussy (1862-1918). O interesse em música não se restringiu somente ao universo da música instrumental e clássica, mas também caminhou por outros gêneros mais populares como o rock e a música experimental. Na leitura Marcellvs se interessa por literatura e obras filosóficas, sobretudo Nietzsche e Deleuze.
O constante interesse pela música e o intenso ritmo de leitura se configuram como a primeira formação de Marcellvs, que posteriormente passa também a incluir o cinema e o vídeo. Esse duplo interesse pela música e pelas imagens, além da antiga amizade com os integrantes do grupo PexbaA, levaram Marcellvs a se aproximar, cada vez mais, da produção imagética. Assim, durante aproximadamente quatro anos, entre 2000 e 2003, o artista se apresentou com o grupo. Em algumas apresentações os integrantes chegavam a ser ocultados por uma tela que, na frente do palco, recebia as imagens. Marcellvs se apresentou com o PexbaA no Projeto Rock Contemporâneo, SESC Ipiranga, São Paulo (2002), III Festival Eletrônika Telemig Celular, Palácio das Artes, Belo Horizonte (2002), no SXSW Festival - South by Southwest, Austin, Texas, EUA (2002), e no Projeto Rumos Itaú Cultural - Cartografia Musical Brasileira, Itaú Cultural, São Paulo (2001), entre outras.

Durante o período de sua formação acadêmica na Faculdade de Comunicação e Artes da PUC-MG, o artista iniciou sua pesquisa com os videorizomas como parte do projeto de fim de curso orientado pelo professor André Brasil. Com os videorizomas Marcellvs passou a participar de uma série de festivais e mostras como “Brésil, Brésils”, no Festival Videoformes, Clermont-Ferrand, França (2005); “Abre Alas”, Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro (2005); “Do micro ao macro: novas políticas e imagens”, mostra no 6º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, Belo Horizonte (2004); Laboratorio Arte Alameda, Cidade do México (2004); “Uma mágica por minuto”, Universidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul (2004); Mostra de Vídeo Arte Laisle.com, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro (2004); “Investigações Contemporâneas”, mostra no 14º Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil, São Paulo (2003), “Entre a casa e a metrópole”, XXVI Congresso da Intercom, Belo Horizonte (2003), entre outras. 

A temática deleuziana está presente também em outro instigante trabalho, o vídeo “Deleuze enquanto modelo vivo” (2003). Neste trabalho a imagem de Deleuze em um monitor de TV é percorrida por um batom vermelho. O vídeo participou da Mostra Competitiva do Sul no 14º Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil, São Paulo (2003); Muestra de Cortometrajes de Minas Gerais, Auditorio de la FUNCEB, Fundación Centro de Estudos Brasileiros, Buenos Aires (2004); Cine Esquema Novo, Usina do Gasômetro, Porto Alegre (2004); 7ª Mostra de Cinema de Tiradentes, Centro Cultural Yves Alves, Minas Gerais (2004), entre outras. O vídeo ainda recebeu o prêmio principal no Festival do Livre Olhar (FLO), Santander Cultural, Porto Alegre (2003), e o prêmio de melhor vídeo na 5ª Mostra Competitiva de Imagens em Movimento, Casa do Conde de Santa Marinha, Belo Horizonte (2003).

Entre os videorizomas, “Man.Road.River” ou “Rizoma 0778” é o que tem alcançado mais destaque e vem sendo premiado em várias mostras e festivais. O vídeo recebeu o prêmio máximo no 51º Festival Internacional de Curtas-Metragens de Oberhausen (2005), prêmio de Melhor Filme Experimental na Mostra do Filme Livre 2005, do Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, e o prêmio na categoria Ousadia e Risco no Festival do Livre Olhar (FLO), Santander Cultural, Porto Alegre (2003). O artista também foi contemplado recentemente com a bolsa do Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte, e no segundo semestre de 2005 realizará exposição no Paço das Artes, em São Paulo.