"Na Inglaterra de 1980, as fronteiras da produção em vídeo foram levadas ainda mais à frente, tanto na forma quanto no conteúdo, sob a influência da indústria da música e do acesso aos vídeos e câmeras domésticos. Um dos principais proponentes da ‘nova onda’ britânica foi o Gorilla Tapes, um quarteto que conquistou seu espaço dentro dos corações e mentes de muitos, satirizando a direita autoritária com filmagens documentais inéditas.", afirma o curador Robert Turnock, que selecionou um conjunto de vídeos britânicos produzidos na década de 1980. Uma amostra do alto nível de qualidade obtido pelos videoartistas daquele país.
Artistas
Obras
Texto de curadoria Robert Turnock, 1990
Arte iluminada
“Da mesma forma que os monges medievais faziam iluminuras em seus textos, nós estamos iluminando uma velha obra com uma pena nova, a televisão.”
Foi assim que Tom Phillips descreveu o seu trabalho com Peter Greenaway em “A TV Dante”. Comparada a um texto com centenas de anos, a televisão é realmente uma nova pena. Mas em termos de tecnologia moderna a televisão não é nada nova; como também não é o vídeo. Com qualquer ciência ou tecnologia sempre há proposta de avanços, pioneiros que forçam a marcha do progresso. Isso também acontece com o vídeo.
Na Inglaterra de 1980, as fronteiras da produção em vídeo foram levadas ainda mais à frente, tanto na forma quanto no conteúdo, sob a influência da indústria da música e do acesso aos vídeos e câmaras domésticos. Um dos principais proponentes da “nova onda” britânica foi o Gorilla Tapes, um quarteto que forçou seu caminho para os corações e mentes de muitos satirizando a direita autoritária com filmagens documentais inéditas.
Com a riqueza da nova tecnologia de vídeo disponível, David Larcher pode fazer sua excelente “antro-pologia” experimental sobre dez anos da vida de sua avó. E Peter Greenway, usando equipamentos de edição relativamente antiquados e uma biblioteca de imagens da Holanda, fez sua inovadora reelaboração do Inferno de Dante.
No entanto, o trabalho aqui apresentado não pode ser descrito como “atualizado”. Trata-se apenas de uma seleção de ótimas obras britânicas da década de oitenta. Aliás, os termos “atualizado” ou “estado da arte” são muitas vezes usados para fazer referência ao mais avançado equipamento militar ou tecnologia usada em escritórios. Mas a obra aqui mostrada é arte. E a verdadeira arte, é claro, é atemporal.
8th Fotoptica Internacional Video Festival. 09 a 15 de Novembro de 1990. p. 56.