No 8º Festival, o público pôde conhecer o trabalho que Kogut realizava pelas ruas nos últimos anos. Como uma vez afirmou o crítico e curador Pierre Bongiovanni, na edição e montagem que a artista realizou dos depoimentos gravados por transeuntes e anônimos, "ela parece querer mostrar que um rosto é necessariamente constituído por uma miríade de rostos, que UM é sempre constituído por TODOS, como se a única forma de se falar do Humano nos dias de hoje residisse na multiplicidade de olhares, na mistura de signos, de palavras...". 

Artistas

Obras

Ensaio Sandra Kogut, 1990

As Videocabines

Videocabines são caixas pretas individuais, de 2mx2m, onde o visitante entra e estabelece um contato íntimo e pessoal com a TV e através da TV – seja como telespectador, seja como co-realizador de vídeos. São uma rede paralela e alternativa de utilização da parafernália eletrônica, onde duas pessoas que não se conhecem travam contato através da TV, e onde o telespectador comum pode utilizar a tecnologia do jeito que achar mais conveniente.

Videocabines de gravação são equipados com uma câmara e um microfone. Convidam o visitante a exercer um controle ativo sobre o meio. Elas são instaladas na rua, em pontos diferentes da cidade. Todas as pessoas são convidadas a entrar e, uma vez sozinhas com a câmara, falar e fazer o que quiserem. Eventualmente alguns temas são sugeridos. A única limitação objetiva é o tempo de permanência no interior da cabine, que é, no máximo, de trinta segundos. A equipe técnica permanece do lado de fora, de onde a gravação pode ser controlada, deixando o visitante totalmente a vontade com a máquina. Lá dentro, ele não é apenas dono de suas palavras, mas também controla sua imagem, enquadrando-se como quiser, podendo afastar-se, aproximar-se ou até sair da gravação.

A ausência de um controle direto cria uma situação inédita: é muito raro estarmos frente a uma câmara e ninguém dizer o que devemos fazer. A equipe técnica é, nesse caso, apenas mão-de-obra especializada trabalhando para uma multidão de direitos anônimos donos da bola por 30 segundos. Quase um serviço de utilidade pública.

O material produzido nessas gravações não é nem de longe parecido com as entrevistas e depoimentos que costumamos ver na TV. A intimidade criada pelo fato de se estar a sós com a câmera no interior da cabine propicia revelações e rompantes de qualquer tipo. Nesta instalação serão montadas somente cabines de exibição para que o público possa assistir aos melhores momentos dessas intervenções espontâneas.

8th Fotoptica Internacional Video Festival. 09 a 15 de Novembro de 1990. p. 93.