As obras Pierre et le Loup e Le Plein des Plumes, de Michael Jaffrennou, foi parte da mostra dos artistas convidados do Festival, exposta na área de convivência.

O vídeo Pierre et le Loup [Pedro e o Lobo] é uma ópera eletrônica baseada na criação de Prokofiev, que foi apresentada pela primeira vez fora da França neste Festival. Com personagens animados, imagens sintetizadas em um ambiente 3D, música, luzes, cores, movimento. Uma realização que incluiu 39 mil desenhos para produzir 26 minutos de vídeo. Todo o storyboard foi feito em pinturas, 37 ficaram expostas no Festival.

Le Plein des Plumes é uma videoescultura, uma das obras que fez do artista um dos mais notáveis da arte eletrônica.

Artistas

Obras

Texto de curadoria 1996

Uma nova estética encantada

A sedução de um espetáculo que une tecnologia, produção e variados recursos artísticos

O uso de luzes e cores fortes, de imagens animadas e de alta tecnologia como instrumento artístico, garantem ao francês Michel Jaffrennou empatia e sucesso imediato junto ao público. Todos esses recursos são utilizados na ópera eletrônica Pierre et le Loup (“Pedro e o Lobo”), baseado na criação de Prokofiev, a ser apresentado, pela primeira vez fora da França, no 11° Festival Internacional Videobrasil. Jaffrennou é escultor, pintor e especialista em utilizar novas tecnologias para produzir arte - qualidades que usa plenamente nessa produção. Integra atores reais - como, por exemplo, Peter Ustinov, que interpreta o avô do pequeno Pedro - com personagens animados, imagens sintetizadas num ambiente em 3D, música, teatro, luzes, cores, movimento. Uma realização que incluiu 39 mil desenhos e consumiu dois anos de trabalho para produzir 26 minutos de vídeo.

Aparentemente é apenas uma produção que não procura uma expressão artística objetiva. Mas, como realizador de produções, Jaffrennou mostra que é capaz de alcançar uma estética nova, graças ao uso da tecnologia e do ineditismo com que combina recursos, ainda que conhecidos. Uma estética fundamentalmente eletrônica, que surpreende e encanta. “Proponho que o observador entre em cena, se integre a ela, e voe com os passarinhos, dance com o avô, brinque com o gato. Graças às imagens sintetizadas pude produzir essa surpresa tridimensional”, diz ele. Jaffrennou soube produzir cores a partir das condições limitadas e específicas da luz artificial utilizada no vídeo, obtendo o resultado mais próximo da pintura que já obtivera utilizando recursos eletrônicos. Todo o story board da produção Pierre et le Loup foi feito em cuidadosas pinturas, trinta e sete das quais reunidas numa mostra paralela, presente também no Festival Videobrasil.

Mas não se pode falar em Jaffrennou sem citar um outro importante aspecto de seu trabalho: as videoesculturas. Foi através delas que o artista francês começou a se integrar no universo mais nobre da criação eletrônica, tornando-se, desde o final da década de 70, uma das personalidades mais notáveis da Europa. Na verdade, seu nome é tido como o precursor europeu da utilização do vídeo e da TV como elementos escultóricos. Uma dessas criações, Le Plein de Plumes, traduz toda a engenhosa e delicada construção plástica de seu trabalho - cujo teor parece ser um constante convite ao sorriso esquivo e à sutileza do olhar

ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL, "11º Videobrasil": de 12 de novembro de 1996 a 17 de novembro de 1996, p. 62, São Paulo, SP, 1996.