Curadoria convidada |

Escolhido pelo curador Priamo Lozada para representar a nova produção eletrônica mexicana, o Colectivo Nortec é uma tentativa de interpretar o hibridismo cultural de Tijuana, cidade que recebe uma multidão de adolescentes americanos nos fins de semana com bebida, sexo e drogas acessíveis e baratas. “A base do Colectivo Nortec é a reconstrução digitalizada da urbanidade com intenções estéticas”, dizem criadores como Fussible (Pepe Mogt), o primeiro a samplear música nortenha em busca de elementos locais para seus projetos eletrônicos. A fusão inspirou artistas gráficos, estilistas e cineastas a “ir além do vácuo cultural de um lugar que não é nem Primeiro nem Terceiro Mundo, nem mexicano, nem americano, com o objetivo de transformar a estranheza de Tijuana em arte”, de acordo com Josh Tyarangiel da revista “Time”.

Artistas

Obras

Texto de curadoria 2003

Colectivo Nortec

Nortec: contração de “norte” e “Techno”, a expressão dá nome à sonoridade criada por artistas de Tijuana, México, pelo cruzamento de música eletrônica com ritmos tradicionais da região, como a nortenha (acordeons, tubas, tambores) e a tambora (variações sobre polcas e valsas trazidas por alemães para o México no século 19). Designa também a contrapartida visual da fusão, imagens em vídeo que reinterpretam aspectos da cidade, templo de diversão barata na fronteira com os Estados Unidos. Nortec Collective: performance em que DJs e VJs Nortec manipulam ao vivo sonoridades e imagens produzidas sob esse conceito, invocando um espírito próximo à da catarse das raves, mas carregado de intenções estéticas. Ou, nas palavras dos criadores: “A ‘ideia nortecña’ tem dois canais: imagens visuais e imagens sonoras. Graças aos dois, a diversão explode e os pés não param de dançar “. Colectivo Nortec: músicos, bandas, projetos, designers e artistas envolvidos na criação de imagens e sons Nortec: Bostich, Fussible, Clorofila, Ángeles Moreno, Mashka.

Na definição dos criadores do movimento, o Nortec é exemplo de uma nova disciplina artística, nascida da perspectiva de desconstrução e construção digital de som e imagem. “Estamos no meio de uma mudança da concepção da arte em relação à percepção da música e das artes visuais, graças à tecnologia digital. Os músicos eletrônicos são o coração desse novo entendimento da música. A arte da manipulação sonora se refletiu na área visual e fez recortar e reconstruir material pré-gravado. Um exemplo claro dessa dialética arte-tecnologia é o Colectivo Nortec, que inclui uma parte musical em que as imagens da cidade são reinventadas em composições visuais alteradas por computador e um mixer de vídeo”.

Ao som do nervoso “beat nortecño”, essas imagens subvertem a técnica documental para traduzir a pulsação e a arquitetura surreal dos salões, ruas e indústrias de Tijuana. As primeiras produzidas sob o conceito do nortecño são do projeto Clorofila, dos designers gráficos Torres e Verdin, organizadores de exposição de 50 artistas mexicanos e estrangeiros que apresentou o recém-nascido Nortec Visual em junho de 2000.  No mesmo mês, a fusão das vertentes sonora e visual do movimento se cristalizou na Nortec City, festa de lançamento do CD “Tijuana Sessions, Vol 1” (que chegou aos Estados Unidos no começo de 2003) e primeira apresentação do Colectivo Nortec. Na versão brasileira da performance, dois DJs e um VJ comandam os mixers de áudio e vídeo.

Escolhido pelo curador Priamo Lozada para representar a nova produção eletrônica mexicana, o Colectivo Nortec é uma tentativa de interpretar o hibridismo cultural de Tijuana, cidade que recebe uma multidão de adolescentes americanos nos fins de semana com bebida, sexo e drogas acessíveis e baratas. “A base do Colectivo Nortec é a reconstrução digitalizada da urbanidade com intenções estéticas”, dizem criadores como Fussible (Pepe Mogt), o primeiro a samplear música nortenha em busca de elementos locais para seus projetos eletrônicos. A fusão inspirou artistas gráficos, estilistas e cineastas a “ir além do vácuo cultural de um lugar que não é nem Primeiro nem Terceiro Mundo, nem mexicano, nem americano, com o objetivo de transformar a estranheza de Tijuana em arte”, de acordo com Josh Tyarangiel da revista “Time”.

ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL, "14º Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil": de 22 de setembro de 2003 a 19 de outubro de 2003, p. 176-77, São Paulo, SP, 2003.