Curadoria convidada |

Artistas

Obras

Texto de curadoria Zhao Shulin , 2003

Drama em Curtas-Metragens

Desde 1979, o governo da China vem garantindo e apoiando a reforma econômica e política. O nível de vida da população chinesa cresce gradualmente, e a arte conquista incentivo e oportunidades. A coexistência de culturas múltiplas se torna diretriz nacional da China. Com isso, o continente sai aos poucos do isolamento para mesclar sua arte e sua cultura com a arte e a cultura do mundo.

A sociedade chinesa vive uma espécie de sina, marcada pela incerteza e por problemas religiosos, sociais, raciais, de coexistência multicultural e de integridade econômica. As diferenças ideológicas deixaram de ser a única questão relevante para a comunicação internacional. Há diferenças de nacionalidade, cultura, desenvolvimento econômico regional etc. Como resolver a disputa é um tópico eterno. Para os artistas chineses da geração mais jovem, o VD se tornou uma arma direta, como o retrato e a ação em grupo. Eles se preocupam com temas relacionados à sua existência individual. Seu trabalho reflete a mistura de cultura regional e cultura popular internacional.

A conveniência sem precedentes da internet na troca dessas informações e o avanço da circulação cruzada de mercadorias e capital pelo mundo facilitam de forma inédita a disseminação da cultura popular internacional. Alguns trabalhos da seleção refletem elementos que podem ser caracterizados como típicos da cultura chinesa tradicional. Em seu processo criativo livre e casual, essas obras em foto e vídeo usam a apropriação, a mistura, a adaptação, a fabricação, a imitação e a reprodução para lidar com a cultura tradicional e seus elementos residuais. Inconscientemente, oferecem uma experiência visual nova, que apresenta as características de imagens visuais tradicionais e fortalece a veiculação da cultura chinesa contemporânea diante da globalização, reforçando o fundamento subjacente à estética contemporânea do artista.

Ter sido criado na cultura chinesa metade da minha vida e então reforjado pelo Ocidente, para o bem e para o mal, independentemente do que esteja depositado em meus ossos, é imutável. Vinte anos depois da Revolução Cultural e após a China ter aberto suas portas para o mundo, nós, artistas chineses, deveríamos ter sido influenciados pela filosofia, pela arte e pela cultura ocidentais o suficiente para atingir uma confiança que nos permitisse contar histórias sobre nós mesmos usando nossa própria linguagem. Como nossos antepassados fizeram por tanto tempo e os ocidentais fazem agora, sinto que não temos de usar, para contar histórias sobre a situação chinesa, somente as linguagens estrangeiras que acabamos de aprender.

ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL, "Deslocamentos - 14º Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil": de 22 de setembro de 2003 a 19 de outubro de 2003, p. 151 e 152, São Paulo, SP, 2003.