O 17º Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil confirma uma orientação que se desenhava havia uma década. A abertura a todas as manifestações artísticas dá curso à progressiva aproximação do Festival com o campo das artes visuais, em edições dedicadas a linguagens como performance e cinema, e marcadas por segmentos expositivos cada vez mais importantes. A intensificação desse diálogo está em sintonia com a inserção crescente do vídeo e da imagem em movimento no circuito da arte contemporânea, na condição de ferramentas preferenciais de experimentação artística.

A mostra Panoramas do Sul foi construída a partir de um conjunto surpreendente de trabalhos inscritos, dos quais mais de um terço realizado em outras linguagens que não as tradicionalmente associadas ao Festival. Vindos de todas as regiões do território que é foco da mostra – América Latina, África, Leste Europeu, Oriente Médio, Ásia e Oceania –, eles compõem quatro recortes que balizam a curadoria e se materializam nos núcleos expositivos: Cartografias do afeto, Natureza e cultura, Paisagens políticas e Dispositivos Ópticos.

Artistas selecionados

Obras selecionadas

Prêmios e menções

Membros do Júri

Projeto de troféu

As mudanças que marcam o 17º Festival têm um ícone no troféu criado para a mostra Panoramas do Sul por Tunga, artista brasileiro amplamente reconhecido no circuito internacional da arte contemporânea. No objeto‑escultura que concebeu, elementos de seu repertório poético, como cristal e líquido âmbar, contidos por uma malha metálica, envolvem e intervêm no corpo e no campo de visão de uma câmera de vídeo. Com funcionamento preservado, a câmera‑troféu permite experimentar um olhar interferido pelo artista.

Texto de curadoria Solange Farkas, 2011

Estratégias e Riscos

O 17º Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil confirma uma orientação que se desenhava havia uma década. A abertura a todas as manifestações artísticas dá curso à progressiva aproximação do Festival com o campo das artes visuais, em edições dedicadas a linguagens como performance e cinema, e marcadas por segmentos expositivos cada vez mais importantes.

A intensificação desse diálogo está em sintonia com a inserção crescente do vídeo e da imagem em movimento no circuito da arte contemporânea, na condição de ferramentas preferenciais de experimentação artística.

A mostra Panoramas do Sul foi construída a partir de um conjunto surpreendente de trabalhos inscritos, dos quais mais de um terço realizado em outras linguagens que não as tradicionalmente associadas ao Festival. Vindos de todas as regiões do território que é foco da mostra – América Latina, África, Leste Europeu, Oriente Médio, Ásia e Oceania –, eles compõem quatro recortes que balizam a curadoria e se materializam nos núcleos expositivos.

O primeiro, Cartografias do afeto, reúne trabalhos que podem ser entendidos como tentativas de criar representações possíveis para questões de ordem subjetiva – muitas vezes, a partir de percursos únicos, mas que se tornam língua comum. De formas diversas, lidam com uma sensibilidade de fronteiras – entre o pessoal e o coletivo, o indivíduo e a sociedade.

O segundo núcleo, Natureza e cultura, é composto por trabalhos que se perguntam como podemos nos reaproximar da história de forma livre, sem preconceitos herdados. A saída pode estar, ironicamente, na mais antiga estrutura do sistema da arte: o gênero. Aqui, os artistas o “habitam”, não em busca de conforto, mas como agentes subversivos. Não querem restaurar seu tecido esgarçado, mas produzir novas e poderosas fissuras.

Os artistas reunidos no terceiro segmento, Paisagens políticas, convocam para o campo das artes visuais – e seu circuito – dilemas até então pertencentes à esfera pública, social, compartilhada. Antigas oposições, como arte/política e local/global, são atravessadas pelo mesmo vetor. A estratégia revela uma potência que parece vir justamente da falta de receio de parecer por demais literal ou percorrer caminhos já trilhados.

As obras do quarto núcleo posicionam no centro do debate a noção de um mecanismo “gerador”, no sentido mais abrangente que o termo oferece. Expressa frequentemente na construção de dispositivos ópticos, que alteram o olhar e/ou propõem novas visões, a opção se configura, a um só tempo, como lugar de partida e de chegada. Entre um ponto e outro, abre espaço para que o novo, o experimental e o risco se imponham.

ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL. 17º Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil. De 30 de setembro de 2011 a 29 de janeiro de 2012. p. 16 a 23. São Paulo, SP, 2011.