A artista narra memórias de sua infância e da trajetória de sua família com o papel proeminente da política israelense. Conversa com os pais, que nasceram na Palestina e participaram da realização do sonho sionista da criação do Estado de Israel; e revê o pensamento político e o exercício prático da diplomacia do avô, Moshe Sharett, defenestrado de seu posto de Ministro de Relações Exteriores quando se opôs à Guerra do Sinai, o que, de forma indireta, repercutia os ideais anteriores do Sionismo e da formação do Estado democrático de Israel. A obra fala de recordações, laços de família e ideais políticos esfacelados, enquanto ajuda a desconstruir uma história social oficial. O vídeo representa uma inflexão significativa na trajetória de Sharett: ainda que, como em obras anteriores, continue utilizando a própria vivência como matéria-prima, não se restringe mais às suas experiências interpessoais mais imediatas. Redimensionando a memória individual, aqui ela investiga suas relações com a movimentação histórica que a circunda. De certo, trata-se de uma metanarrativa que desnuda pontos cruciais de um pensamento progressista, humanista e secularista, algo cada vez mais distante da era dos extremos que aflorou nos últimos anos.

Prêmios e menções