O humor trágico, ao mesmo tempo cômico e patético, predomina na performance do artista norte-americano Michael Smith, que apresenta seu alter ego Mike, personagem protagonista recorrente em suas criações, seja video, instalação ou performance. Mike é um homem comum que, segundo o autor, “acredita em tudo e não entende nada” em seu mundo saturado de informação. Por meio do personagem, ele tem vivido cenas banais do cotidiano que revelam seu esforço hilariante de tentar o sucesso sem obter êxito, numa crítica ácida ao mundo do consumo e da cultura de massa. Na versão para o Festival, Smith apresenta Mike preparando-se para ir a uma festa que pode nunca ocorrer; temas como exclusão, solidão e banalidades ocupam a mente de Mike ao longo do dia. Na obra de Smith, a linguagem do vídeo surgiu como um meio para desenvolver uma narrativa, tecida por meio de seu alter ego, declaradamente inspirado em comediantes célebres do cinema, como Buster Keaton.