O primeiro contato do imaginário e da produção cultural brasileira com Arnaldo Antunes aconteceu pela via da canção popular – ou, de modo mais preciso, com o rock nacional, que se tornou um dos mais potentes produtos oferecidos ao consumo durante a década de1980, ocupando o espaço de trilha sonora para os primeiros anos de abertura e redemocratização no país. Em 1984, na faixa Pule (com Paulo Miklos), do primeiro álbum da banda Titãs, a nação pôde ouvir os seguintes versos: “Água do mar é boa/ A água da torneira é boa/ A água da chuva é boa/ Água de colônia/ É boa a água da lagoa, legal”. Tudo sob o disfarce de canção ingênua.

Passados 26 anos, Arnaldo tem ampliado sua pesquisa com a palavra, levando seu corpo a corpo com a linguagem a múltiplas direções: de sua presença como músico na tradição da canção popular a suas performances (nas quais procura trazer a língua para junto do corpo), sua produção caracteriza-se pela experiência incessante da procura de limite ou margem, na qual o espectador defronta-se inevitavelmente com a mesma questão com a qual convive o artista: por que isso existe no lugar de não existir? Por que isso acontece no lugar de não acontecer?

Em sua produção, essas perguntas são apresentadas a partir de procedimentos artísticos e poéticos, nos quais o legado construtivo e do verso popular da canção se misturam à procura de uma indefinição, a fim de criar um elemento ainda não visto, ouvido ou pensado: uma situação e uma relação de estranheza, em que o espaço está aberto a todos.

Arnaldo Antunes é o primeiro artista apresentado na série Operação para as massas, (integrada ainda por Wilton Azevedo, e a dupla Celia Catunda e Kiko Mistrorigo), que propõe a investigação da presença do Projeto Construtivo Brasileiro na produção nacional, hoje, a partir de seu mais revolucionário potencial: estabelecer uma relação criativa com a sociedade.

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