Alice Miceli é uma pesquisadora da imagem. Embora tenha como principal instrumento de investigação a câmera de vídeo, não descarta a manipulação de documentos apropriados de arquivos ou mesmo a criação de novos dispositivos de registro e de exibição, a fim de chegar ao que chama de “imagem específica”. Está em jogo em seu trabalho a revisão das formas de relação com a imagem, que, segundo ela, deve ser “experimentada” pelo espectador.

Interessada nos sentidos inerentes à produção midiática e documental, Alice Miceli busca a ressignificação dos fatos e a releitura de imagens representativas de situações-limite, de proporções trágicas, que foram banalizadas e apagadas da memória social recente, acrescentando-lhes sempre uma reflexão pessoal e camadas de conteúdo, que ficam registradas na imagem final.

Seu posicionamento político e seu interesse pela história não implicam em uma arte de informação. Pelo contrário. Como afirma Giselle Beiguelman, autora do Ensaio sobre a obra de Miceli, trata-se de uma poética que se mantém na esfera do “irretratável”, que repensa nossas estratégias de lidar com a memória.

A artista abre a série Identidade/Alteridade, curadoria do FF>>Dossier que enfoca as poéticas estruturadas a partir de diálogos entre o artista e o mundo. Muitas vezes utilizando-se de estratégias de documentação da realidade, os trabalhos contemplados pela atual edição tensionam os limites da identidade contemporânea e repensam as possibilidades narrativas do discurso sobre o outro.

De trajetória ainda recente, Alice Miceli apresenta um repertório que fala com propriedade sobre a expansão e a convergência entre cinema, arte contemporânea e vídeo, antecipando, dessa forma, o tema do 16º Festival Internacional de Arte Eletrônica SESC Videobrasil.

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