Realizada a partir de uma ampla pesquisa no Acervo Histórico Videobrasil, a exposição MitoMotim tem curadoria de Júlia Rebouças e busca refletir sobre a representação da identidade nacional e a capacidade da arte de se contrapor às ordens instituídas.

A curadoria recorre às ideias de mito e motim, articuladas como um palíndromo no título da mostra, para debater os modos e as possibilidades de insurgência diante de cenários de instabilidades sociais e refletir sobre o Brasil do momento presente. A partir da leitura em dois sentidos, é como se a ideia de motim na arte, ou por meio dela, fosse desafiada como uma mitologia, ao passo que se propõe o motim dos mitos, ou a desconstrução de nosso ideário de país.

Nas palavras da curadora, “dado o contexto político e conjuntural de realização da mostra, resolvi fazer do motim um tema que também pode ser pensado como uma metodologia para o projeto, no sentido de usar os elementos e recursos à mão para refletir sobre gestos de resistência por meio da arte. Como resposta à pesquisa no Acervo, encontrei uma série de obras que tratam do Brasil, com sua complexa teia social em suas múltiplas fissuras de identidade. Ainda que essa relação entre mito e motim advenha de um gesto poético, as obras mostram que a insubordinação associada à necessidade de reconstrução de nossos fundamentos sociais e políticos, como brasileiros, também faz sentido”.

A seleção de obras do Acervo Histórico Videobrasil é constituída por vídeos dos artistas Cristiano Lenhardt, Frente 3 de Fevereiro, Graziela Kunsch, Luiz Roque, Rosângela Rennó, Sandra Kogut, TV Viva, de Olinda, programas da TV pirata 3 Antena, um episódio do projeto A Revolução Não Será Televisionada, além do filme Abra a Jaula, de Edson Jorge Elito, Goffredo Telles Neto e Uzyna Uzona, de 1983.

Articuladas a esses trabalhos, estão ainda obras pontuais dos artistas convidados Artur Barrio, Marilá Dardot, Randolpho Lamonier, Rivane Neuenschwander, Sara Ramo e Traplev, que dialogam com o recorte do Acervo Histórico Videobrasil.

Durante o período da exposição será realizado um programa público de 15 a 19 de maio (saiba mais).

A exposição e todos os eventos relacionados são gratuitos.


O Acervo Histórico Videobrasil

Ao longo de sua trajetória, iniciada em 1983, a Associação Cultural Videobrasil reuniu um significativo acervo composto por obras em vídeo, principalmente, e pelos mais diversos registros e produções que olham para o amplo e ambíguo contexto contemporâneo do Sul geopolítico.

Um universo em constante crescimento e transformação, o Acervo Histórico Videobrasil tem como principal característica ser um arquivo vivo, aberto a pesquisas e experimentações artísticas. Seu banco de dados permitiu a formação de uma Videoteca com cerca de 1.300 obras entre vídeos, videoinstalações e registros de performances, além da publicação de sete documentários da série Videobrasil Coleção de Autores.


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