Com coordenação de Paulo Nasser, os principais pontos levantados no debate foram: a privatização dos meios de comunicação - os meios de comunicação como impérios, monopolizando a propriedade dos meios de comunicação e, portanto, da informação; a discussão sobre a origem e causa que impedem a participação efetiva da sociedade na construção de uma opinião pública aberta e democrática; a participação efetiva, nas grandes redes, de segmentos da sociedade que espalham uma realidade diferente, que buscam uma nova linguagem.

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Texto crítico Ricardo de Carvalho, 1986

A descentralização da TV

Estava tudo armado. O equipamento já vinha sendo comprado há dois anos. Depois de algumas experiências, a data de inauguração da primeira emissora de televisão do país foi finalmente marcada para o dia 18 de setembro de 1950, a TV Tupi, de São Paulo. No final do mês de agosto, alguém se lembrou de um pequeno detalhe: não havia, no país, televisores para a primeira transmissão. Assis Chateaubriand, já a frente de um império jornalístico, manda buscar, às pressas, alguns receptores nos Estados Unidos. E assim nascia, na data marcada , a televisão brasileira, sob dois fortes signos: a improvisação e a privatização.

De lá para cá, é evidente, muita coisa mudou com a profissionalização crescente do meio, mas o fundamental permaneceu: a privatização dos meios de comunicação, mesmo que se diga que canais de televisão são APENAS uma conexão do Estado. Mais uma vez a prática joga uma lei na lata do lixo. A verdade é que cada vez mais os meios de comunicação, como pequenos impérios, passam de pai para filho, como se a sociedade nada tivesse a ver com o fato de apenas alguns manterem, mais e mais, a propriedade dos meios de comunicação e, portanto, da informação.

Esta é a questão crucial, origem e causa que impedem a participação efetiva da sociedade na construção de uma opinião pública aberta e democrática. Somente a discussão ampla deste ponto fundamental - e a Constituinte que está chegando é o palco para está discussão- é que vai permitir a participação efetiva, nas grandes redes, de segmentos da sociedade que espalham uma realidade diferente, que buscam uma nova linguagem. É fundamental que a nossa atenção se volte com empenho para a mudança radical da legislação em vigor. Caso contrário as produtoras independentes de vídeo estarão sempre mendigando um espaço que pertence, na verdade, a toda a sociedade e não apenas aos "eleitos".