A videoinstalação, cada vez mais reconhecida pelas instituições artísticas, utiliza-se da tecnologia da imagem eletrônica como base para elaborar uma arte contemporânea. As relações entre espectador e monitor mudam em uma videoinstalação, pois a imagem em duas dimensões sai do seu plano e se expande até o espaço exterior para levar o tempo e o movimento ao cenário. As 11 videoinstalações apresentadas, bastante diversas entre si, mostram as amplas possibilidades do que pode ser feito e são uma rara oportunidade de se conhecer o trabalho de artistas internacionalmente consagrados.

A instalação Terminal II, do holandês Jaap de Jonge, é uma visualização da violência da guerra no final do século XX. O projeto, com o apoio do World Wide Video Centre, é composto por mais outras duas instalações (Terminal I e Terminal III) que não foram expostas no 10º Videobrasil.

Artistas

Obras

Texto de curadoria Tom van Vliet, 1994

Terminal II

No décimo World Wide Video Festival, em 1992, a instalação Horizon de Jaap de Jonge foi premiada. O júri declarou que apreciou a lúcida delimitação conceitual, o princípio mecânico e a suavidade e a alegria da linguagem visual da instalação. O prêmio recebido possibilitou a realização de uma nova peça a ser exibida no World Wide Video Centre. O resultado foi uma instalação impressiva, formada por Terminal I, II e III, sendo que Terminal II é apresentada em São Paulo durante o 10º Festival Videobrasil.

Imagens em raio-X de um violinista, um percussionista e um trompetista podem ser vistas em três monitores separados, posicionados horizontalmente numa estrutura de tubos de metal de 3 metros de altura.

O som dos três músicos forma a melodia da orquestra de mortos. Subindo uma das três escadas da estrutura, pode-se olhar dentro dos tubos e ver cenas de violência e conflitos na Yugoslávia. A posição real das imagens puxa o espectador para dentro, ainda que ao mesmo tempo haja uma grande distância física.

Essas são imagens que conhecemos, ainda que não possamos compreendê-las; imagens que vemos todos os dias, cuja origem escapa a nossa compreensão, mas que podem ser compartilhadas por todos. A orquestra de mortos cerca a violência da guerra e justos estão ancorados numa estrutura de tubo na qual não é possível sair. Como a circulação sanguínea, todos os processos sociais acontecem em sistemas tubulares. A alegria de Horizon, à qual referiu-se o júri em 1992, não está presente em Terminal II. Esta peça nos faz respirar fundo e é uma visualização mestra da violência da guerra num atormentado fim de século. A “lúcida delimitação conceitual” de um campo de batalha cercado por uma orquestra de mortos dá uma dimensão extra a Terminal II.

ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL. "10º Videobrasil: Festival Internacional de Arte Eletrônica": de 20 a 25 de novembro de 1994, São Paulo-SP, 1994.