Buscando a recriação de mídias eletrônicas, o grupo apresenta duas performances: Eletrobrecht e Música de Amor

O Grupo Tetine foi formado em 1995, em São Paulo, com o objetivo de trabalhar com a recriação de mídias eletrônicas, combinando música, performance corporal e imagens de vídeo. Integrado pela atriz Eliete Mejorado e pelo músico e linguista Bruno Verner, o Tetine buscou a colaboração de compositores, engenheiros de som e criadores do universo da imagem para produzir performances e álbuns de CD, nos quais procura explorar os recursos da música e da fala para alcançar uma expressão sonora muito própria e personalizada. A partir de 1997, o duo que compõe o grupo passa a receber a colaboração do artista plástico Alexandre da Cunha que se incumbe da direção de arte das performances e da produção e montagem dos vídeos.

O trabalho apresentado no Videobrasil é composto de duas performances independentes. A primeira delas, Eletrobrecht, é uma nova versão de um trabalho desenvolvido por ocasião das comemorações do centésimo aniversário de Bertold Brecht. Através da recriação do texto A alma boa de Setsuan foi concebida uma narrativa falada que se sobrepõe harmonicamente, no estilo spoken word, a um conjunto sonoro feito a partir de uma base musical. O vídeo integra a performance através de intervenções circunstanciais, atuando como um elemento ativo do trabalho executado por dois personagens em cena. Traz imagens pré-produzidas, coletadas em pesquisa, de fontes variadas do cinema e do vídeo.

Os mesmos elementos, com a mesma proposta integrativa, são usados na performance Música de amor. Utilizando-se ainda mais dos recursos do texto narrativo, tanto falado como projetado, a performance busca explorar os sentidos ligados ao amor e às manifestações passionais provenientes dele, tais como o ódio, a inveja e a sensualidade. “Trata-se de uma brincadeira, ainda que sem humor, com o lado romântico e kitch de todos nós”, explicam seus autores.

O trabalho do grupo Tetine é resultado de um projeto pioneiro no país que, no entanto, encontra manifestações semelhantes em outras partes do mundo. Na verdade, o grupo identifica uma linguagem de geração entre criadores que produzem obras semelhantes, preocupados em explorar os recursos da linguagem em combinação com outros elementos, como o vídeo e a música. Além disso, também assume uma postura de se utilizar também de elementos pop, como a música, ao contrário do que normalmente ocorre com criadores dessa área, cuja ousadia e experimentação limitam-se, muitas vezes, a quase um compromisso com a formalidade acadêmica.

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