Vídeos, instalações, performances, fotografias, obras sonoras e esculturas compõem um panorama das visões de mundo e das questões que mobilizam, hoje, artistas de diferentes regiões do Sul geopolítico. Selecionadas a partir das respostas a uma convocatória aberta, elas desenham ora um cenário de crise, no qual se mostra urgente enfrentar questões políticas e sociais, ora um ambiente pós-utópico, para além da presença humana, ora as possibilidades de um novo engajamento do sujeito no mundo.

Artistas

Obras

Prêmios e menções

Membros do Júri

Projeto de troféu

Texto da comissão de seleção 2015

Diante de grandes mudanças globais que indicam uma dinâmica de transferência de poder de norte para sul e de oeste para leste, com países ditos periféricos amealhando poder político, e o colapso econômico ameaçando regiões tradicionalmente hegemônicas, em que medida ainda faz sentido falarmos em um Sul geopolítico?
Sem corresponder a uma série facilmente identificável de situações políticas, sociais, históricas e econômicas, o Sul global se reafirma como território imaginado, a partir do qual se tenta criar outra forma de produzir discursos sobre nosso mundo, que não passe pelas modalidades hegemônicas identificadas com o ocidente.
No contexto da arte contemporânea, os países desse eixo simbólico estão habitualmente ausentes das grandes narrativas consideradas fundadoras das práticas artísticas atuais. A circulação das contranarrativas que produzem enfrenta uma resistência histórica.
A seleção reunida aqui aponta questões que animam e movem, hoje, a produção artística do Sul. As obras selecionadas desenham três grandes cenários. O primeiro poderia ser definido pelo acirramento da ideia de crise. Enfrentar questões políticas e sociais – manifestas, sobretudo, na condição do sujeito e em sua relação com o outro – torna-se urgente.
Outras obras investigam um ambiente pós-utópico, para além da presença humana. O sujeito está ausente ou tornado objeto, as paisagens são desoladoras, e a relação com o tempo é ambígua. Narrativas históricas sobrepõem-se em camadas muitas vezes indistintas.
Um terceiro movimento anuncia possibilidades para um novo engajamento do sujeito no mundo. São diversas as obras que tratam da conexão do homem e da natureza, ou da natureza como um grande sistema de poder. O artista, aqui, atua de maneira performativa, colocando-se como agente desse entrelaçamento.
Entre obras em diferentes suportes e mídias, o vídeo e o filme aparecem como dispositivos relevantes em número e qualidade de proposições. Produzir imagem, em movimento ou não, instalada no espaço expositivo ou como proposta imersiva de cinema, segue sendo uma estratégia-chave para nosso tempo e nossa região.
Bernardo de Souza, Bitú Cassundé, João Laia e Júlia Rebouças