Exposições, programas de filmes, performances e programas públicos

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postado em 20/08/2015
Além de três exposições, a programação do 19º Festival é composta ainda por programas de filmes, performances, atividades dos programas públicos (entre encontros e conversas, seminário e oficinas) e ações educativas

Em sua 19ª edição, que acontece de 6 de outubro a 6 de dezembro de 2015, em São Paulo, Brasil, o Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil radicaliza sua proposta e transforma Panoramas do Sul no corpo central de toda a sua programação. O Sul global e suas múltiplas questões – que dizem respeito a diásporas, identidades híbridas, trânsito migratório e viagens, narrativas pessoais, memórias, isolamento, tecido social e insularidade – foram inspirações e parâmetros da Comissão Curadora para a seleção de obras e projetos, passando a direcionar também os eixos curatoriais de todas as exposições, programas públicos e publicações do Festival.

Ao todo, 62 artistas e grupos de 27 países participam das três exposições do 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Panoramas do Sul, cinco deles como artistas convidados e 57 selecionados por meio de duas convocatórias públicas (de obras e de projetos comissionados pelo Festival, novidade desta edição). Além das exposições, a programação do Festival é composta por programas de filmes, performances, residências artísticas, atividades dos programas públicos, ações educativas e lançamento de publicações.


EXPOSIÇÃO PANORAMAS DO SUL | ARTISTAS CONVIDADOS | SESC POMPEIA | GALPÃO

A abertura oficial do 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Panoramas do Sul acontece em 6 de outubro às 20h, no Sesc Pompeia, principal espaço do 19º Festival e sede de suas edições mais recentes. No Galpão do Sesc Pompeia, Abdoulaye Konaté (Mali), Gabriel Abrantes (Portugal), Rodrigo Matheus (Brasil), Sônia Gomes (Brasil) e Yto Barrada (Marrocos/França) compõem a primeira exposição coletiva do Festival de artistas convidados cujas trajetórias são referenciais no Sul global.

exposição Panoramas do Sul | Artistas Convidados atesta a potência da produção desse recorte geopolítico. Os efeitos do imperialismo e do colonialismo, a formação identitária, a artesania atualizada e levada ao contexto da arte contemporânea, os trânsitos globais e a relação cultura-natureza são alguns dos temas tratados em suas obras a partir de vivências e linguagens particulares.

Os comentários contundentes sobre assuntos políticos e ambientais de relevância global, combinados às tradições artesanais e estéticas do Mali, tornaram a obra de Abdoulaye Konaté central ao 19º Festival e à escolha dos demais artistas convidados. Abdoulaye apresenta um conjunto de três tapeçarias em grandes dimensões inspiradas no encontro que teve, em viagem ao Brasil no fim de 2014, com uma tribo guarani de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo.

Sônia Gomes cria um trabalho inédito em grande escala a partir da junção de obras anteriores, objetos tridimensionais complexos feitos de tecidos submetidos a torções, bordados e sobreposiçõesNascida na cidade de Caetanópolis, importante centro têxtil em Minas Gerais, a artista traduz em sua obra a influência popular da avó materna, bem como a influência erudita da família paterna. Sônia cria um cosmo particular, ligado à memória familiar, à identidade racial, à história social, ao mesmo tempo em que discute as possibilidades da escultura.

O português Gabriel Abrantes subverte as convenções hollywoodianas ao transpô-las à realidade de territórios onde, segundo o artista, “o futuro está a se desenhar”. Seus filmes discutem os efeitos do colonialismo, da globalização e as identidades culturais e sexuais. Gabriel participa do Festival com Liberdade (2011), curta-metragem filmado em Angola que sugere uma metáfora sobre o país diante da massiva imigração chinesa. O artista tem ainda um Programa de Filmes com exibição no Teatro do Sesc Pompeia.

A contrastar com a organicidade das técnicas artesanais exploradas por Konaté e Gomes, a obra do paulistano Rodrigo Matheus demanda engenharia pesada para suspender tambores e construir uma estrutura de balanços, pesos e contrapesos que dinamizam a ocupação do espaço do Galpão do Sesc Pompeia e lançam o público numa zona de instabilidade com possíveis paralelos na provisoriedade das relações econômicas e sociais que embalam o inconsistente debate político contemporâneo.

Yto Barrada, artista francesa de ascendência marroquina, tem como temas de eleição as dinâmicas da representação e o impacto da circulação de imagens na construção de identidades contemporâneas. A obra Wallpaper Tangier (2001), apresentada no 19º Festival, é paradigmática: o formato quadrado questiona a linguagem visual típica da paisagem, o enquadramento retangular e horizontal; em vez da cena, o centro é uma junção de duas partes, onde emerge um rasgo.


EXPOSIÇÃO PANORAMAS DO SUL | OBRAS SELECIONADAS | SESC POMPEIA | CONVIVÊNCIA

O Sesc Pompeia apresenta 56 trabalhos de 53 artistas provenientes de 22 países e selecionados por meio de um edital de obras. Na Convivência do Sesc Pompeia, a exposição Panoramas do Sul | Obras Selecionadas reúne vídeos, videoinstalações, fotografias, gravuras, pinturas, performances e instalações. A expografia, concebida pelo arquiteto André Vainer, propõe que pontos comuns às obras sejam percebidos pelo público no fluxo de visitação. Em certos trabalhos, o teor político é predominante; alguns lidam com deslocamento geográfico, diásporas e pertencimento. O gesto ficcional (em direção à ficção científica) também está presente, assim como a discussão em torno da percepção da escala humana diante da natureza ou de grandes sistemas de poder.

Mantendo um dos seus diferenciais no universo da arte contemporânea, o Festival oferece onze prêmios exclusivamente aos artistas selecionados por meio do edital de obras.


EXPOSIÇÃO PANORAMAS DO SUL | PROJETOS COMISSIONADOS| GALPÃO_VB

exposição Panoramas do Sul | Projetos Comissionados, com abertura em 8 de outubro, às 19h, no Galpão_VB, é resultado de uma nova ação do Festival, instituída a partir desta edição, que tem como perspectiva comissionar e acompanhar a produção de trabalhos de jovens artistas. Carlos Monroy (Colômbia), Cristiano Lenhardt (Brasil), Keli-Safia Maksud (Quênia) e Ting-Ting Cheng (Taiwan) foram os artistas selecionados pelos curadores do 19º Festival, que acompanham o desenvolvimento de seus projetos.

O colombiano Carlos Monroy participa com Llorando se foi. O museu da lambada. In memoriam de Francisco "Chico" Oliveira, que relaciona dois fenômenos dos anos 1980 no Brasil: a consagração da lambada e sua incidência na construção da identidade nacional, e o início e exponencial crescimento da imigração boliviana em São Paulo. Superquadra-Sací, filme do brasileiro Cristiano Lenhardt, cria um encontro entre as origens indígenas nacionais e a “cidade-paisagem”, o cenário urbano, com remissões ao modernismo brasileiro. Mitumba, da queniana Keli-Safia Maksud, pesquisa a relação entre a história do sabão na Inglaterra e a dos tecidos africanos nos Países Baixos na era vitoriana. A artista discute a imagem de higiene racial e a identidade africana a partir dos tecidos percebidos mundialmente como autêntica expressão da África. O projeto The Atlas of Places do not exist , da taiwanesa Ting-Ting Cheng, trata-se de uma biblioteca contendo centenas de livros sobre lugares que não existem, questionando as fronteiras e as definições de realidade.

A exposição dos projetos comissionados pontua a abertura do Galpão_VB, nova sede da Associação Cultural Videobrasil, voltado à ativação permanente das obras do Acervo Videobrasil e ao desenvolvimento de processos criativos e de reflexão. O Galpão_VB promove exposições, programas de filmes, seminários, residências artísticas, laboratórios de criação, oficinas e encontros. O público terá acesso também à Videoteca (que disponibiliza cerca de 1.300 obras do Acervo Videobrasil entre vídeos que participaram das edições anteriores do Festival; documentários da série Videobrasil Coleção de Autores e registros de performances) e a uma sala de leitura especializada em publicações de artes visuais e media art, atualmente com mais de 3.200 títulos. O projeto, assinado pelo arquiteto Gui Paoliello, conta ainda com espaço de serviços, com café e loja abertos ao público. Com 800m2, o Galpão_VB será  o primeiro espaço dedicado à programação cultural na região da Vila Leopoldina.


PROGRAMAS DE FILMES | OBRAS SELECIONADAS E GABRIEL ABRANTES

No dia 7 de outubro, às 18h, os Programas de Filmes do 19º Festival têm abertura no Teatro do Sesc Pompeia, apresentando onze trabalhos selecionados via edital de obras e que se dividem em três programas, organizados em eixos conceituais: Programa #1 | Paisagens e territóriosPrograma #2 | Real e surreal Programa #3| Fricções, exibidos ao lado de uma cineperformance, que tem apresentação única na noite de abertura. Além dos Programas de Filmes | Obras Selecionadas, o 19º Festival apresenta ainda o Programa de filmes | Gabriel Abrantes, dedicado à obra do artista convidado.

De 7 a 10 de outubro, Semana de Abertura do 19º Festival, os Programas de Filmes têm sessões especiais no Teatro do Sesc Pompeia. A partir do dia 13 de outubro, novos horários exibem os filmes no Teatro do Sesc e no Galpão_VB. 
 

PERFORMANCES | OBRAS SELECIONADAS

Além dos vídeos, videoinstalações, fotografias, gravuras, pinturas e instalações que compõem a exposição Panoramas do Sul | Obras Selecionadas, o 19º Festival apresenta três performances de artistas e grupos selecionadas pelo edital de obras. Duas delas são apresentadas no espaço expositivo na área de Convivência do Sesc Pompeia: Oiko-nomic Threads, dos gregos Marinos Koutsomichalis, Maria Varela e Afroditi Psarra, e Fancy em Pyetà, segundo ato, de Fancy Violence (alter ego do brasileiro Rodolpho Parigi). A terceira performance, VOSTOK _cineperformance, de Leticia Ramos, será apresentada no Teatro do Sesc Pompeia. 


PROGRAMAS PÚBLICOS | ENCONTROS E CONVERSAS, SEMINÁRIO E OFICINAS

Os Programas Públicos configuram o ambiente de diálogo do 19º Festival, possibilitando que a pesquisa curatorial se desenvolva por meio de ações de contato com o público. Esse canal direto com o espectador se desdobra em encontros e conversas com artistas, curadores e convidados, seminário, e oficinas e ações de mediação. Multidisciplinares, essas ações reconfiguram os espaços expositivos em ambientes de pensamento e troca que extrapolam o campo da arte e dialogam transversalmente com outras áreas do conhecimento. Sob coordenação de Thereza Farkas, diretora de programação do Videobrasil, os Programas Públicos desta edição do Festival se organizam em Encontros e ConversasSeminário e Oficinas.

Fazem parte dos Encontros e Conversas uma visita guiada pelo artista convidado Rodrigo Matheus, um encontro com a plataforma de discussão Tilting Axis (que aproxima artistas, profissionais e organizações caribenhas voltadas à arte daqueles que atuam no resto do mundo), um encontro com representantes das instituições parceiras do Programa de Residência Videobrasil, além das leituras de portfólios oferecidas pelos artistas Clara Ianni, Débora Bolsoni, Felipe Bittencourt e Rodolpho Parigi em colaboração com os educadores do coletivo Zebra5 Jogo e Arte.

O Seminário Lugares e sentidos na arte: debates a partir do Sul, dividido em quatro sessões ao longo do mês de outubro, expande questões centrais trazidas pelas exposições que compõem o 19º Festival. Em diálogo com o programa de estudos e debate Observatório do Sul, iniciado em maio de 2015 em parceria com o Goethe-Institut de São Paulo, o Seminário, com curadoria de Sabrina Moura, discute a expansão da arte como campo produtor de conhecimento, com a participação de pensadores, escritores e artistas. As discussões guiam também o livro Panoramas do Sul | Leituras, também organizado por Sabrina Moura, que conta com colaborações de Achille Mbembe, Arjun Appadurai, Artur Barrio, Cildo Meireles, Geeta Kapur, Jean e John Comaroff, Joaquín Torres Garcia, José Rabasa e Milton Santos, entre outros.

As Oficinas, conduzidas pelo Zebra5 Jogo e Arte ao lado de artistas participantes, representam novas possibilidades de compreensão e contato com os artistas e suas poéticas. Na oficina de monotipia, Abdoulaye Konaté introduz o público às linguagens artísticas tradicionais do Mali; Ting-Ting Cheng convida os visitantes a explorar livros, histórias e imagens para construir um repertório conceitual e imagético do lugar ocupado pelo Sul; Carlos Monroy propõe uma vivência que evoca elementos da memória e reflete sobre origem, mestiçagem cultural e construção folclórica a partir da lambada. Ações de mediação e oficinas especiais são realizadas pelo Zebra5 durante todo o período expositivo.