Temporada de Dança Videobrasil 2018

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postado em 26/06/2018
Performances, conversa e programa de filmes. De 7 a 27 de julho, no Galpão VB

Realizada pela Associação Cultural Videobrasil e pelo Estúdio Baile em parceria com a mostra VERBO, a Temporada de Dança Videobrasil 2018 traz ao Galpão VB uma série de performances e uma programação de vídeos criada por duas instituições francesas: o Ciné-Corps, festival sobre corpo, dança e seus desdobramentos sediado entre Paris, Rennes e Montreal; e o Centre National de la Danse (CND), principal centro de dança na França e detentor de uma cinemateca de filmes históricos sobre dança francesa e suas influências.

Os programas serão exibidos no Galpão VB do dia 7 ao 27 de julho. Enquanto do Cine-Corps chegam curtas-metragens contemporâneos, de diversas nacionalidades, alguns exibidos na última edição de seu festival, o CND estará representado com programa histórico de curtas das décadas de 20 e 30, de coreógrafos franceses e também de outras nacionalidades.

A Temporada de Dança Videobrasil 2018 conta com o apoio do Institut Français du Brésil e Consulado Geral da França em São Paulo.

PROGRAMAÇÃO NO GALPÃO VB
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SÁBADO, DIA 7 DE JULHO | CONVERSA E PERFORMANCES

17h-17h30 | BAJO LA CARNE, INFINITO
Performance de Martin Soto Climent
Coreografia e interpretação de Marisol Cal y Mayor

O elemento principal da ação é a construção do corpo a partir de um estado “objetual” alheio às qualidades anímicas, psicológicas, emotivas e racionais que nos caracterizam como seres humanos. O corpo atua como um “objeto” inanimado e indiferente, semelhante a um casulo, que é dominado por uma circunstância exterior enquanto luta para brotar de si mesmo. Mediante esta “objetificação” metafórica do corpo, a ação busca evocar a imagem de um Ser que reflete o momento que vivemos como indivíduos, como sociedade e como civilização. A existência desse Ser é retratada como uma concepção unitária composta por dois polos, apresentando o humano como um caso de consciência única, na qual o universo observa em si mesmo sua estrutura dual e se compreende como algo unido e fragmentado como uma estrutura em que as noções de masculino e de feminino, do medo e do amor, do nascimento e da morte, do eu e do outro são somente facetas de um diamante andrógino que deve lutar para nascer, para ser e para liberar-se inclusive de si mesmo.

17h30-19h | ACERVOS, FESTIVAIS E A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA NA DANÇA
Conversa com Xavier Baert e Nirvana Marinho. Mediação de Clarissa Sacchelli
A construção da memória da dança e da performance em vídeo é tema da conversa que tem a Temporada de Dança Videobrasil como ponto de partida. Participam do debate Xavier Baert, programador de filmes de dança do Centre National de la Danse e da Cinémathèque de la Danse (até 2017) que pesquisa, atualmente, as velocidades e durações no filme coreográfico, e Nirvana Marinho, curadora de dança, idealizadora e coordenadora geral do Acervo Mariposa, programa cultural de gestão de acervo de vídeos de dança realizado de 2007 a 2015. A mediação é de Clarissa Sacchelli, coreógrafa e dançarina convidada da 1ª Temporada de Dança Videobrasil, e curadora da segunda edição do evento, a ser realizada em 2019.

Clarissa Sacchelli (Brasil) é coreógrafa e dançarina. Desenvolve seus próprios projetos, movendo-se entre dança, performance e escrita, e em parceria com outros artistas. Mestre em dança (Laban, Londres) e pós-graduada em semiótica (PUC-SP). Foi contemplada pelo programa Rumos Dança 2012–2014 (Itaú Cultural) e pelo Novos Coreógrafos – Novas criações: Site-Specific 2013 (CCSP). Colaborou em trabalhos de Eszter Salamon, Tino Sehgal, Cláudia Müller, Bruno Levorin, João dos Santos Martins e William Pope.L.

Nirvana Marinho (Brasil) é mestra e doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP (2002 e 2006), graduada em dança pela Universidade Estadual de Campinas (1999). Coordenou o Acervo Mariposa, atuando na implementação do acervo de vídeos de dança. Foi curadora de dança no Centro Cultural São Paulo (2015) e do programa Dança Contemporânea, do SescTV (2017–2018). Desde 2014 integra o Ação Vizinhas, coletivo de projetos de acervos de dança e história da dança.

Xavier Baert (França) é mestre em filosofia e cinema pela Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Doutorando pela USP e a Université de Lille 3, tem como tema de sua pesquisa atual as velocidades e durações no filme coreográfico. Foi programador de filmes de dança no Centre National de la Danse, na Cinémathèque de la Danse e na Cinémathèque Française.

19h-20h | ELEGY
Performance de Gabrielle Goliath
Ação apresentada em vários locais e contextos, Elegy (Apelo) conta com um grupo de sete cantoras que juntas interpretam um ritual de luto. Duracional e fisicamente exigente, a ação evoca a presença de uma pessoa ausente numa espécie de lamento cantado. Como resposta física, ontológica e estrutural à cultura do estupro na África do Sul, Elegy relembra a identidade de indivíduos cujas subjetividades foram fundamentalmente violadas. Cada apresentação de Elegy homenageia um indivíduo LGBTQI ou uma mulher específica, estuprada e morta na África do Sul. Significante na obra é o fato da perda ser propícia para o surgimento de encontros empáticos, interculturais e transnacionais. Buscando abordar os tipos de violência simbólica através dos quais corpos negros traumatizados são rotineiramente objetificados, Elegy abre um espaço distintamente decolonial e intersetorial, em que o luto seak surge como trabalho produtivo e social - não como cura ou "encerramento", mas como uma irresolução necessária e sustentada.

SÁBADOS, DIAS 7, 14 e 21 DE JULHO, DAS 12H AS 18H
SEXTA-FEIRA, dia 27 de JULHO, DAS 12H AS 18H<

PROGRAMAS DE FILMES

Programa Ciné-Corps, 106'

1. Twun, de Kinopravda / Viktor Horváth, 2015, 2’44”, Hungria
2. Hymen, de Carole Arcega, 2003, 10’, França
3. My job is fantastic, de Axelle Poisson, 2015, 6’10”, França
4. Blue Carpet, de Elodie Francheteau, 2018, 4’14”, França
5. KidBirds For Camera, de Eric Minh Cuong Castaing e David Daurier, 11’23”, 2014, França
6. This is a Chicken Coop, direção e coreografia por Er Gao, 2016, 21’, China
7. Black Spring, escrito e dirigido por Benoit Dervaux e coreografado por Heddy Maalem, 2002, 26’, Bélgica
8. Novacieries, de (LA)HORDE - Marine Brutti, Jonathan Debrouwer e Arthur Harel, 2015, 16’, França
9. Cloud Chasers, de (LA)HORDE - Marine Brutti, Jonathan Debrouwer, Arthur Harel, 2’30”. 2016, França
10. Les Indes Galantes (The Amorous Indies), de Clément Cogitore, 2017, 5’30”, França

Programa Centre National de la Danse, 48’56”

- Parte I: LOÏE FULLER
La Féérie des ballets fantastiques de Loïe Fuller, 1934, 16’40”, de George R. Busby. Quatro balés coreografados por Loïe Fuller. Cortesia CN D.

- Parte II: MUSIC HALL (20’51”)
1. Danse Nikolska, 1926, 3’06”, com Lila Nikolska, peça do teatro parisiense Les Folies Bergères. Cortesia CN D.
2. Peças de dança do cabaré Le Bal Tabarin (Paris), criado e concebido por Pierre Sandrini, 1936 e 1939, 13’. Cortesia Madame Anne-Marie Sandrini.
3. Duas peças do filme La Revue des Revues, 1927, 4’45”, com Joséphine Baker. Cortesia Lobster Films (Paris).

- Parte III: CINEMA
Thèmes et variations, 1928, 11’25”, por Germaine Dulac. Cortesia Light Cone (Paris).

SOBRE A TEMPORADA DE DANÇA

O formato interdisciplinar da Temporada busca aprofundar as históricas interseções entre vídeo e dança. Considerando o arquivo como um organismo vivo, o Videobrasil abre espaço para que seu Acervo seja atravessado e retrabalhado por variações de corpo e de coreografia, confirmando uma vez mais sua pertinência histórica e sua atualidade.

A primeira edição da Temporada de Dança Videobrasil foi realizada em parceria com a VERBO 2017, mostra de performance arte da Galeria Vermelho, e contou com curadoria de Carolina Mendonça, diretora de teatro e coreógrafa radicada na Alemanha, e Marcos Gallon, diretor artístico da VERBO. Os curadores selecionaram a artista Clarissa Sacchelli para um período de imersão no Acervo Histórico Videobrasil e para a criação de um trabalho coreográfico inédito a partir da experiência. Nos quatro meses de ensaio e pesquisa junto ao Acervo, Sacchelli selecionou dez vídeos que serviram como referência conceitual e como material de trabalho para mixagens e reencenações e resultaram na peça de dança Boas Garotas. Em breve, será lançado o convite para comissionamento da obra a ser realizada em 2019.

ficha técnica

Realização e produção: Estúdio Baile e Associação Cultural Videobrasil

Concepção e direção: Thereza Farkas

Curadoria de filmes: Virginie Combet e Centre National de la Danse - CN D

Participação em programas públicos: Clarissa Sacchelli, Nirvana Marinho e Xavier Baert

Design gráfico: Nina Farkas

Agradecimentos: Clarissa Sacchelli, Fusion Audio, Louis Logodin, Marcos Gallon e Virginie Aubry.