Iniciando o ciclo de Programas Públicos realizado durante a exposição Memórias Inapagáveis - um olhar histórico no acervo videobrasil, a mesa tematiza as relações entre memória, história e arte. O curador Agustín Pérez Rubio conduz o debate entre alguns dos artistas participantes da mostra: Aurélio Michiles, Enio Staub, Sebastián Diaz Morales e Jonathas de Andrade, além do crítico de arte Octavio Zaya, um dos autores convidados a escrever no catálogo da mostra. Rubio fala sobre a escolha das obras, selecionadas a partir da observação da própria história do Acervo da Associação Cultural Videobrasil. Segundo ele, essa pesquisa o levou a um fio condutor extraído do interior dos mais de trinta anos de processo de constituição dessa coleção – iniciada em 1983 a partir das obras selecionadas para o 1º Festival. Assim, essa visada histórica não se dirige de fora para dentro do Acervo, imposta pelo olhar do curador, mas é por ele explicitada como uma linha de força que o atravessa, resultando em uma seleção de trabalhos que partem tanto da macro quanto da micro-história. Em seguida, Octavio Zaya discorre sobre as relações entre história e poder e como estas resultam em narrativas específicas contadas sob ângulos particulares, embora apresentadas como válidas universalmente. Geralmente erguida como sustentáculo de uma cultura imperialista, tal versão unitária dos acontecimentos históricos pode ser combatida pela criação artística que se proponha a abrir novamente os arquivos que jazem sob elas, não para se ater a eles, mas manipulando-os para além da realidade dada. Para Zaya, esse procedimento seria capaz de precipitar um desbloqueio da imaginação, permitindo outras narrações possíveis. Incitados por questionamentos dessa natureza, cada um dos artistas presentes da mesa comenta as especificidades de seus trabalhos, revelando as singularidades, potencialidades e impasses implicados nessas operações de resgate da memória a partir de arquivos e documentos históricos.

Agustín Pérez Rubio (1972, Valência, Espanha) é historiador, crítico de arte e curador. É diretor artístico do Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba). Também foi diretor do Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León (MUSAC), na Espanha.

Octavio Zaya (1954, Las Palmas, Espanha) é crítico de arte e curador em Nova Iorque, editor-associado da Atlantica, editor consultor do NKA Journal of Contemporary African Art e correspondente da revista Flash Art.

Aurélio Michiles (1952, Manaus, Brasil) é cineasta e documentarista. Participa da Exposição Memórias Inapagáveis com a obra O Sangue da Terra.

Enio Staub (1956, Porto Alegre, Brasil) é diretor e roteirista de cinema e televisão. Participa da Exposição Memórias Inapagáveis com a obra Contestado, A Guerra Desconhecida.

Jonathas de Andrade (1982, Maceió, Brasil) é artista visual. Trabalha em torno da linguagem fotográfica. Participa da exposição Memórias Inapagáveis com a obra Projeto Pacífico.

Sebastián Diaz Morales (1975, Comodoro Rivadavia, Argentina) é artista visual. Trabalha com filme, vídeo e instalação. Participa da exposição Memórias Inapagáveis com a obra Lucharemos hasta anular la ley.