A arquitetura do eixo Panoramas do Sul mantém a proposta anunciada na 14ª e consolidada na 15ª edição do Festival, segundo a qual a mostra se subdivide em três seções: Estado da Arte, Investigações Contemporâneas e Novos Vetores.

Em Novos Vetores, temos exemplos da produção dos jovens realizadores, sintomas das recentes e profundas reconfigurações de ordem política, social, cultural e tecnológica no mundo.

Artistas selecionados

Obras selecionadas

Prêmios e menções

Membros do Júri

Projeto de troféu

Em uma alusão ao procedimento publicitário que transforma cenas-chave dos filmes nas imagens estáticas (e emblemáticas) dos cartazes – tão antigo quanto o próprio cinema –, os troféus do 16º Videobrasil serão criados pela artista plástica Rosângela Rennó a partir das obras premiadas. Aplicado a cada uma, o princípio do cartaz de cinema gerará uma obra única da artista, construída com a imagem da obra vencedora e contendo o nome dos artistas premiados.

Com um trabalho que parte da fotografia para descrever um percurso que reflete sobre os usos e lugares da imagem na subjetividade contemporânea, Rosângela Rennó esteve nas Bienais de Veneza (1993), Johannesburgo (1997) e Berlim (2001).

Texto de curadoria 2007

Limite / Remix

A seleção de obras para o eixo Panoramas do Sul do 16º Festival Internacional de Arte Eletrônica SESC_Videobrasil desenha um mapa de trânsitos, derivas e experimentações da imagem, que vão das apropriações de técnicas do cinema arcaico aos circuitos da internet.

Nesse transcorrido, partimos de uma grande diversidade de investigações em torno da narrativa para atingir geografias imaginárias e mapeamentos de terrenos desconhecidos - operação que nos aproxima das inquietações detectadas no incontornável longa-metragem de Mario Peixoto, obra que se encontra na base conceitual desta edição, e particularmente em seu tema Limite: Movimentação de imagem e muita estranheza (uma referência à definição do próprio cineasta sobre seu filme). Nessas zonas fronteiriças entre espaços pessoais e espaços do mundo real, as memórias subjetivas entram em tensão com o território das histórias documentadas, criando cartografias que já não segregam as técnicas do cinema e da imagem eletrônica.

De modo geral, Panoramas do Sul destaca as propostas que se utilizam do cinema como matéria-prima e “banco de dados”. Seqüências de filmes remixadas, limite/remix cenas inteiras recontextualizadas, diálogos “emprestados”: obras em loop, camadas (layers), scratches, colagens aplicadas/infringidas às imagens clássicas e afetivas. Hitchcock, Antonioni, Tarkovski, Godard remixados e incorporados aos processos contemporâneos. Ou ainda um único frame, fragmento, movimento de câmera, efeito de edição ou de programação transformado em obra, numa hiperfragmentação.

A vida cotidiana, vista no contexto dos conflitos mundiais, assume formas diversas – tanto pelo documentário quanto pela ficção – e avizinha-se dos ensaios em vídeo que produzem comentários sobre as transformações ambientais e sociais contemporâneas. O ensaio como forma do pensamento audiovisual que problematiza a ficção e a leva ao seu limite. Sublinhamos a incorporação do vídeo no processo de produção de intervenções urbanas, ações de mídia tática, para além do registro e como parte integrante de projetos de risco, de aprendizado e de construção de experiências através e por meio das imagens.

Em mundos móveis, instáveis e recombináveis da arte eletrônica, um corte contundente nos aponta para esta 16ª edição do Videobrasil. Movimentação de imagem e muita estranheza: não seriam estes os limites/remixes da experimentação contemporânea?

ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL. "16º Festival Internacional de Arte Eletrônica SESC_Videobrasil": de 30 de setembro a 25 de outubro de 2007, p. 182 - 183, Edições SESC SP, São Paulo-SP, 2007.