Com madeira, açúcar, cimento ou uma câmera ligada sem objetivo definido, Caetano Dias trabalha para “devolver ao homem a criação do criador”. A doçura, literal e simbólica, é o guia que usa para resgatar – em meio à pobreza das periferias ou à desilusão de um encontro fortuito – a poesia de ser humano, a faculdade inerente ao homem de, por força do espírito, transformar sua realidade, reconectar-se ao outro e ao divino.

O corpo está no centro de sua pesquisa. A pele e o sexo são sagrados e profanos ao mesmo tempo, pilares do templo onde habitam a alegria, o prazer e a dor; um todo sublime, que serve de instrumento para a expressão de vontades íntimas e a materialização da vida interior. “O ideal de corpo proibido apresentado pela religião se confrontava com a minha própria vivência de corpo, que era lúdica e repleta de imersões na natureza”, conta o artista.

Suas esculturas, intervenções, instalações e vídeos revelam a tendência à busca do outro; ou, como nota a curadora Daniela Bousso, autora do Ensaio deste Dossier, a “construir agenciamentos, relações possíveis entre unidades distintas, alianças entre diferentes parceiros”. “Nos meus trabalhos, estou sempre buscando algo que não seja apenas poético, mas que tenha a possibilidade de tocar, causar encantamento, e problematizar”, diz Dias.

Designer e professor, ganhou por Canto doce pequeno labirinto, em 2007, o Prêmio de Criação Audiovisual Le Fresnoy, do Programa Videobrasil de Residências. Em 2009, passa temporadas de estudo e criação na França e na Espanha. Seus “desatinos poéticos para a vida”, como chama seus trabalhos, se multiplicam em sete novos projetos de vídeo, videoinstalação e videodança. Poderão ser vistos de perto em exposições que desembarcarão em Salvador, São Paulo e Fortaleza neste ano e em 2010.

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