Três programas de vídeo

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postado em 08/11/2013
Arquitetura, música, dança e domésticas são foco dos programas de vídeo no CineSesc neste sábado (09.11)

Neste sábado, dia 09 de novembro, a programação da semana de abertura do 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil continua intensa no CineSesc. A partir das 14h, haverá as exibições dos Programas 6 e 7 do Panoramas do Sul. O primeiro, Ambivalências dos espaços arquitetônicos, trata da arquitetura enquanto personagem para falar das questões mais urgentes das cidades nos dias de hoje. O segundo, Imersões no espaço sociocultural brasileiro, exibirá o filme Domésticas, de Gabriel Mascaro. Às 16h, haverá a exibição de Desconstrução das narrativas (Programa 8), uma compilação de filmes sobre a construção da narrativa cinematográfica por meio de seu diálogo com outras linguagens, como a música, dança e o documentário.

No Programa 6, as 14h, Ambivalências dos espaços arquitetônicos, o festival exibe os filmes “Into Thin Air into the Ground”, de Haig Aivazian (Líbano), e “Lago Onega N.8”, de  Jacinto Astiazarán (México). Observando as arquiteturas enquanto personagens, a produção em vídeo tem abordado essas figuras urbanas com intuito de nos revelar a força da mídia de massa, o domínio dos subterfúgios tecnológicos sob a racionalidade projetual e os problemas mais urgentes das cidades de hoje – espaços em que a arquitetura se apresenta como elemento de distinção e poder.

Em “Into Thin Air into the Ground”, Haig retoma uma breve história do edifício mais alto do mundo, Burj Khalifa, em Dubai, revelando sua construção no imaginário coletivo, desde a propaganda, envolvendo os números superlativos da obra, até uma apocalíptica cerimônia de inauguração. Ao explorar a evolução do estado material da estrutura mais alta feita pelo homem no mundo, e da retórica que a envolve, a obra trabalha com a importância dos marcos icônicos como imagens de poder e com a invenção de paisagens artificiais.

Em “Lago Onega”, Jacinto documenta os estágios finais da construção de um edifício residencial na Cidade do México. O projeto cita aspectos da experiência cultural e arquitetônica vivida por sua autora, uma empreendedora local, em viagens aos Estados Unidos. Segundo ela, traduz noções de beleza, limpeza e organização, em oposição ao ambiente urbano da capital mexicana. O artista lida com a ideia de artificialização da realidade e traz à tona o pastiche arquitetônico e as citações historicistas do pós-modernismo.

No Programa 7, “Imersões no espaço sociocultural brasileiro”, acontece a exibição de “Doméstica”, de Gabriel Mascaro. A obra é representativa das novas estratégias documentais usadas pelos artistas para compor investigações agudas sobre nossa realidade socioeconômica, tecendo um olhar ambíguo sobre as relações de trabalho doméstico que se consolidaram no espaço da casa brasileira, remetendo a uma cultura secular e patriarcal.

No Programa 8, “Desconstrução das Narrativas”, a tradição narrativa do cinema tornou-se elemento de experimentação para as mais diversas práticas audiovisuais. Nele, serão exibidos três obras: “Journey to a Land Otherwise Known”, de Laura Huertas Millán (Colombia/Paris), “Vive le capital”, de Orit Ben-Shitrit (Israel/NY), e “Malleable Tracks”, de Gregg Smith (Cidade do Cabo/Paris). 
Nesse programa, três maneiras distintas de construir uma narrativa põem o dado temporal em tensão e apropriam-se das referências do documentário, da dança e do cinema norte-americano e francês, respectivamente. 

“Journey to a Land Otherwise Known” é uma a ficção-documentário inspirada nos primeiros relatos de colonizadores, missionários e cientistas sobre explorações naturalistas e etnográficas na América. Gravado na Estufa Tropical de Lille, França, o filme utiliza a arquitetura e as plantas do jardim botânico como suportes narrativos para uma jornada de iniciação, guiada pela fala de um explorador. Explorando o conceito de exoticismo, o filme evoca as origens violentas do Novo Mundo e a persistência das imagens que elas geraram.

Em “Vive le capital” a trama gira em torno do protagonista, um tipo de Wall Street que diz ter perdido milhões, e de bailarinos que respondem a seu solilóquio com comportamentos transgressivos. Os elementos cênicos evocam instituições financeiras; as referências históricas incluem Cosimo de Medici e as raízes de nosso sistema bancário. A tensão entre a performance e o registro move a obra. A artista explora uma relação de amor e ódio com o dinheiro, e trabalha sua conexão com os conceitos de dominação e persuasão.

Em “Malleable Tracks”, por uma série de coincidências, um casal faz amizade com um senhor durante um retiro de fim de semana. O espectador é apresentado a cenas ricas em associação estilística e encanto visual, que rapidamente se identificam com o suspense de Hitchcock. Esta imersão é minada por uma série de lacunas substanciais no desenvolvimento da trama. O filme busca se inserir na configuração cada vez mais estreita entre a experiência física do tempo e espaço, e o modo pelo qual adquirimos conhecimento e informação.