Quando morre uma mãe de santo muito importante, sua alma se encarna numa garça do rio Paraguaçu, e voa de volta para a África. É dessa fronteira entre ficção e realidade, entre magia e tecnologia que Heráclito fala em sua obra Funfun, um réquiem em homenagem à Mãe Stelita, juíza perpétua da Irmandade da Boa Morte, na Bahia. O artista relata o encontro com a cena por ele filmada, na casa de uma amiga. Logo depois o sepultamento da religiosa, ambos tomavam um café, quando presenciaram o voo das aves imediatamente após a amiga lhe relatar o mito sobre as garças. A magia, segundo o artista, é o compêndio das diversas mitologias, especialmente as afro-brasileiras, que oferecem diferentes formas de consciência e de estar no mundo.