O artista fala de sua animação, que integra a 18a edição do Festival. A história surgiu de oito meses de coleta de histórias do folclore popular da Etiópia, seu país de origem, que sobrevivem pela tradição oral. Com a proliferação de televisores nas casas etíopes, Wube viu esse grande repertório ameaçado de desaparição. Daí a ideia de preservar esses contos por meio da animação, colocando-os dentro dos monitores de TV. Ele fala ainda dos personagens do vídeo, dois dos animais mais comuns na Etiópia, o asno e a hiena, usados como metáfora dos paradoxos da existência humana, instalada entre natureza e cultura. Em sua visão, a primeira diz respeito ao que sempre permanece o mesmo, em movimento cíclico. Já a segunda é, no seu entender, um campo de instabilidade, sempre frágil e inconstante. Discorre também sobre as ideias de transformação – das pequenas mudanças que ocorrem no cotidiano – e de autenticidade – ligada à origem, às raízes e à sensação de pertencimento.