O curador e membro da comissão de seleção da mostra Panoramas do Sul do 18º Festival fala sobre as formas de configuração do imaginário contemporâneo, contaminado por imagens dos circuitos midiáticos. Segundo ele, as obras inscritas e selecionadas para a mostra são um testemunho de como a memória não é mais pura, ou seja, de como ela não é só construída a partir do que se vive em termos de uma experiência direta, mas também a partir de experiênias mediadas, sobretudo por imagens. Considerando, portanto, que tudo o que reverbera na memória é essencial para a constituição do imaginário, tem-se como resultado, em sua visão, que esses imaginários não são se apresentam como territórios fechados. Dá como exemplos trabalhos como os do turco Zafer Topaloglu, no qual a memória da infância é recuperada a partir de imagens provindas da cultura de massa; e de Akram Zaatari, que mistura referências tanto da publicidade quanto da dança contemporânea. Esse imaginário não só é construído pelo indivíduo como também é constantemente assediado pelos mais distintos circuitos de imagens. Segundo Eduardo, o que se apresenta em diversos artistas da mostra são tentativas de retomada, ou seja, de um trabalho de arquivo, que é ativado de diferentes formas, mas nunca de maneira totalmente neutra, e sempre com consequências políticas.