Em depoimento cedido por ocasião da sua participação na exposição Memórias Inapagáveis – um olhar histórico no acervo videobrasil, Rosângela Rennó fala sobre Vera Cruz (2000), obra exibida e premiada no 13º Festival (2001). A artista define seu primeiro trabalho em vídeo como um “documentário impossível” da chegada dos portugueses ao Brasil. Em Vera Cruz estariam preservados apenas os sons do vento e do mar e as legendas. Que conteúdo existiria nessa documentação implausível, caso tivesse permanecido intacta? O espectador preenche as lacunas sonoras e imagéticas com sua própria versão. Vera Cruz se baseia e reinterpreta a carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei de Portugal. O documento histórico estudado na infância ofereceu novos atrativos à artista, como as ricas descrições com elementos de picardia. Conforme revela Rosângela, as cenas puídas de Vera Cruz foram criadas por meio da telecinagem de pontas de filme.
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