O cineasta e documentarista manauara comenta o vídeo O Sangue da Terra (1984), que participou da mostra competitiva do 2º Festival. Neste depoimento, Aurélio Michiles comenta a proposta inicial de seu vídeo, originalmente financiado pela Funai para retratar o cultivo de guaraná pela tribo Sateré-Mawé. Convivendo com o povo indígena, recebeu o pedido para que atentasse à invasão de seu território por uma companhia petrolífera. O cineasta conta que a terra demarcada foi invadida, desmatada e bombardeada para a detecção de petróleo, e fala sobre a conscientização dos indígenas, que se organizaram para lutar na justiça, usando os mesmos métodos do homem branco. Com indenização e nova demarcação de território, Michiles considera ter visto um povo frágil vencer um gigante. Em seu relato, comenta ainda as dificuldades técnicas que enfrentou durante as gravações e o uso alternativo de chroma key. Fala também sobre a relevância da Associação Cultural Videobrasil na conservação de registros históricos em vídeo – hoje em dia, novas tecnologias permitem registrar imagens com facilidade, mas elas frequentemente se perdem na efemeridade, no imediatismo.