Por ocasião da exposição Memórias Inapagáveis – um olhar histórico no Acervo Videobrasil, a antropóloga, historiadora e curadora brasileira Lilia Schwarcz fala sobre o vídeo A Arca dos Zo’é (1993). Realizado pelo cineasta e indigenista Vincent Carelli em parceria com a antropóloga Dominique Gallois, o documentário foi criado a partir de filmagens dos Wajãpi (Amapá) em visita à aldeia dos Zo’é (Pará). Os Wajãpi participaram de oficinas de capacitação promovidas pela ONG Vídeo nas Aldeias, dirigida por Vincent Carelli, destinada a formação, produção e difusão da cultura indígena a partir de produtos audiovisuais criados pelos próprios povos. Neste depoimento, Schwarcz retoma considerações abordadas em texto de sua autoria, publicado no livro da exposição, ao suscitar o termo “antropologia do encontro” e os conceitos de reflexividade/reflexibilidade. Comenta as trocas – irremediáveis – entre estas duas tribos, que, por conta do encontro se contaminaram mutuamente pela cultura do Outro. Fala ainda do teor revolucionário da proposta da ONG Vídeo nas Aldeias, criada por Carelli em 1986. A ONG, na opinião de Schwarcz, mexe com as convenções ao conferir ao Outro a autônoma condução do processo narrativo. A Arca dos Zo’é foi apresentada pela primeira vez pelo Videobrasil no 10º Festival (1994).
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