O debate teve como principais pontos discutidos: a legislação vigente no Brasil e a legislação estrangeira; as novas tecnologias; e sugestões para uma nova legislação para o Brasil.

Ethevaldo Siqueira achava imprescindível uma discussão na Assembleia Constituinte sobre as futuras regras para a concessão de canais. Luís Fernando Ensinas defendeu a manutenção das leis atuais de concessão, posição que foi duramente questionada por Fernando Morais, que defendeu um debate mais amplo para uma política das comunicações no país. Cândido Mendes falou sobre a importância da regionalização da programação na televisão por meio da criação de Canais UHF, que trariam uma maior abertura para os produtores que na época não encontravam espaço para veicular sua produção.

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Texto crítico Gabriel Priolli, 1986

O debate sobre a democratização do acesso e da posse dos meios de radiofusão no País - com o decorrente reordenamento jurídico - dinamizou-se nessa década de 80, deixando de ser tema restrito ao interesse de técnicos e especialistas. O surgimento das rádios livres e a explosão do videocassete, com o leque de possibilidades que abriu às novas gerações de produtores, impeliram à frente o movimento pela revisão dos critérios de concessão de canais de rádio e TV, o que promete grande polêmica na futura Assembléia Constituinte.

De uma fase inicialmente doutrinária, onde foi preciso romper uma forte cortina de silêncio oficial e propor à discussão, como tema central da democracia, um problema sempre considerado secundário pelos partidos políticos e instituições sociais, chegou a hora da ação. Agora é o momento de formular propostas coerentes e concretas para a Constituinte, lutando, ao mesmo tempo, para empenhar o maior número possível de candidatos às eleições de novembro na defesa dessas propostas.

As mudanças na radiofusão brasileira serão certamente arrancadas a duras penas, considerando os privilégios de uma situação onde o próprio Presidente da República e seu ministro das Comunicações e deputados federais têm interesse nesse setor. Mas se a briga será difícil, pelo menos já há a certeza de que, no lado dos que querem mudanças, as fileiras engrossam dia-a-dia e o ânimo dos combatentes é forte. Pois um país de 120 milhões de habitantes, com a oitava economia mundial , não pode mais se contentar, na virada de um novo século - ou de uma nova era, a da Telemática - com apenas pouco mais de 100 emissoras de TV e 1200 de rádio.

Os desafios do futuro exigem mais câmaras e microfones revelando e discutindo o Brasil com os brasileiros.