A dupla de artistas apresentou a videoinstalação que utilizou recursos audiovisuais diversos, envolvendo o público num espetáculo eletrônico onde tudo foi arrumado para que o espectador se sentisse defasado dos locais da instalação: impossível de se deslocar pela obra, apesar de ela ser um espaço geográfico que estimula o movimento, o espectador foi chamado a compartilhar da impotência dessa situação de separação.

Artistas

Obras

Ensaio Dominik Barbier, 1990

The No Way Buster Project

Tem um pouco de espetáculo eletrônico (música, dispositivo cênico importante, percurso grave e lúdico antes de alcançar a representação gótica que Barbier qualifica de “cosmogonia”) e de tema carregado de símbolos apocalípticos onde a melancolia se afirma plenamente.

O uso do que podemos considerar como fragmentos de instalação, tentando conciliar a paixão intercontinental e o esplendor eletrônico, trabalha contra a idéia da instalação como obra fechada. Ela nos afasta da linguagem da escultura. Se a ampliação de “The No Way Buster Project” o diferencia de qualquer cumplicidade com a televisão, sua tendenciosidade pelo conteúdo e pelo prazer imediato de seu percurso fazem dele quase que uma quermesse.

Além disso, o artista não hesita em mostrar seu gosto pela ficção científica como também pela música envolvente.

Um dos aspectos problemáticos de criação de Barbier, que, paradoxalmente, constitui sua força, é pôr o público que se encontra no Observatório numa situação semelhante ao que acontece no resto da sala. Tudo é arrumado para que o espectador se sinta, por sua vez, defasado dos locais da instalação: impossível de se deslocar pela obra, apesar de um espaço geográfico que estimula o movimento. O espectador é chamado a compartilhar da impotência dessa situação de separação.

Em contraposição às instalações mais conceituais, “The No Way Buster Project” é uma obra monumental, aberta, que apela para a teatralidade e para o espetacular. Hoje a criação-vídeo segue um caminho semelhante ao das práticas artísticas contemporâneas, o estilhaçamento dos campos de análise, a fragmentação, a contradição. “The No Way Buster Project”, na sua monumentalidade, é uma tentativa de devorar todos esses eixos.

(Baseado num artigo de Stephan Sarrazin).  A videoinstalação de Dominik Barbier e Cathy Vogan foi um espetáculo eletrônico carregado de símbolos apocalípticos e com forte teor melancólico.

Dominik Barbier e Cathy Vogan

8th Fotoptica Internacional Video Festival. 09 a 15 de Novembro de 1990. p. 89.