Com curadoria de Jorge La Ferla (Argentina), Solange Farkas (Brasil) e Ricardo Casas (Uruguai), a mostra foi composta por compilações independentes da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia e Uruguai.

A representação brasileira desta curadoria se tornou um programa do acervo.

Artistas

Obras

Texto de curadoria Jorge La Ferla, 1994

Do início do vídeo em direção a uma práxis periférica discursiva diferente. O suporte vídeo nasceu, desde suas míticas origens, com um uso tecnológico e uma prática discursiva que o afastavam de seu uso turístico televisivo para produzir o nascimento de uma força expressiva diferente. Esse efeito vídeo, que alguém considerou em sua essência produzido pelo atrito da fita no cabeçote do videocassete, ampliou as primeiras releituras da imagem eletrônica de uma mera seqüência de narrativa tradicional. Na América Latina a história do vídeo independente ficaria marcada pela diversidade dos equipamentos, pela busca libidinosa de uma criação e pela ausência total de incentivos produtivos. Esta situação se transferiu para hibridez das produções, nas misturas dos formatos e dos gêneros, e na concretização de efeitos fenomenológicos ou metafóricos que transformariam a sintagmática instituional do cinema e do fluxo televisivo. Quanto a um discurso especificamente poético, encontramos no resto do continente uma criação mais heterogênea, difícil e diversa da forte tradição brasileira com o gênero, pioneira na utilização da palavra como textura icônica, e na combinação desta com a imagem e o som.

Este uso da escrita como valor gráfico na imagem eletrônica se estendia a sua utilização, desde o criativo uso do off até o desenquadre. Em todo caso, este manejo diferente nos outros países da América Latina coincide num discurso que se localiza fora da prosa argumental, desconjuntando uma herança de relato linear. Em sua diversidade expressiva, estas construções poéticas com o vídeo nascem como um novo lugar de expressão audiovisual em que indefectivelmente aparece, de maneira marcada, uma visão do mundo com fortes vínculos espaciais e temporais com a região. É de se esperar, cada vez mais, o surgimento de obras de ruptura que reinaugurem marcos equivalentes aos criados na literatura por Trilce de César Vellejo ou Althazor de Vicente Huidobro, em que se rompa a própria essência e aparato da linguagem poética eletrônica.

ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL. "10º Videobrasil: Festival Internacional de Arte Eletrônica": de 20 a 25 de novembro de 1994, São Paulo-SP, 1994.