O vídeo e a performance apareceram quase ao mesmo tempo, em meados dos anos 70, ampliando as possibilidades de expressão artística. A performance – arte híbrida e efêmera, que mescla manifestações diferentes –, quando aliada ao vídeo, inclui o registro do tempo que passa e se baseia na simbiose entre corpo e tecnologia. A fusão desses elementos pode ser observada nas performances do 10º Videobrasil.

Otávio Donasci e seus seres inusitados são uma presença esperada nos festivais; tendo sua origem no teatro, as criaturas performáticas de Donasci surpreendem e interagem com os frequentadores. Donasci foi o criador do Projeto Videoteatro, gerador de várias alternativas de expressão multimídia que interagiam com o público. Para o 10º Videobrasil, o artista apresentou Videocóptero, em que uma ‘videocriatura’ sobrevoou o Centro Cultural São Paulo, o SESC Pompeia e retornou ao Campo de Marte. Videomoita é uma de suas videocriaturas, em que um balão-vídeo foi construído em cima do conjunto esportivo do SESC Pompeia. Os Videomensageiros são videocriaturas que dão alertas sobre o Festival e completam a fauna peculiar que Donasci preparou para o evento.

Artistas

Obras

Texto de curadoria 1994

Videomáscaras e Videocriaturas

Otávio Donasci – cenógrafo, performer e artista multimídia – foi o criador do Projeto Videoteatro, que gerou várias alternativas de expressão multimídia como as Videocriaturas – máscaras eletrônicas feitas de tubos de vídeos, o Videovivo – que faz imagens projetadas de vídeo terem volume e contracenarem com atores ao vivo, e os Videomanequins – esculturas com rosto – vídeo que conversam com as pessoas. Reduzindo o vídeo ao necessário, Donasci chegou ao tubo (cinescópio) e descobriu que sua proporção equivalia a um rosto deitado; costurou um tubo “de pé” num ator, como se fosse uma cabeça ortopédica, e a primeira videocriatura ficou pronta em 1983. Aparecia assim uma nova possibilidade de expressão, híbrida do suporte vídeo e da linguagem teatral, trocando a representação facial do ator pelo vídeo-rosto e com características próprias que não existiam nem no vídeo nem no teatro. Seu trabalho, bastante original, é conhecido e elogiado em vários países do mundo.

No último Videobrasil, Donasci apresentou velas-vídeo, lençóis inflados transformadas em imensos rostos através de projeções tridimensionais. Essas videomáscaras eram esculturas quase etéreas e não havia atores que emprestavam seus corpos para uma imagem. Agora Donasci criou o Videocopterus, da mesma família que o Videossauro – ser que se originou de uma escavadeira; segundo diz, “é um bicho-vídeo arqueológico que está perdido na mídia de hoje... Ele disfarça e procura conversas interativamente, mas na verdade o que mais gosta é cantar e assobiar sobrevoando São Paulo. Ele é cordial mas não se engane, ele é de uma época que já não existe mais... É uma raridade”.

E também vai apresentar o Videomoita, que se esconde pelo Centro Esportivo do Sesc Pompéia e é “o primeiro Balão-Vídeo que construo. É outro ser assustado, curioso, que nada fala, tudo vê e tudo assombra...”. Os Videomensageiros – videocriaturas dando alertas sobre o festival – completam a fauna peculiar que Donasci preparou para o 10º Videobrasil. 

ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL. "10º Videobrasil: Festival Internacional de Arte Eletrônica": de 20 a 25 de novembro de 1994, São Paulo-SP, 1994.