A videoinstalação Luminous Cosmic Rays, de Keiichi Tanaka, foi parte da mostra dos artistas convidados do Festival, exposta na área de convivência. A obra, feita com instrumentos de alta tecnologia, é uma sequência de seu trabalho exibido na 21ª Bienal Internacional de São Paulo.

Em Luminous Cosmic Rays, o artista utilizou contadores de gêiseres para captar raios cósmicos e radiações, produzidos na Terra ou fora dela, que são transformados em feixes de luz, em raios laser e efeitos sonoros, constituindo um conjunto constantemente mutável e único a cada momento.

Artistas

Obras

Texto de curadoria 1996

Simples sensações desconhecidas

Os trabalhos de Keiichi Tanaka inspiram frequentemente classificações do tipo arte futurista ou tecnoarte. É compreensível. Afinal suas peças são verdadeiras obras de engenharia, precisamente planejadas, que utilizam instrumentos normalmente identificados com alta tecnologia. Contadores gêiseres, raios laser, luzes de gás néon, computadores, samplings, acessórios elétricos são alguns dos recursos que utiliza. Além disso, Tanaka busca elementos que, embora constantemente presentes na vida das pessoas, parecem inacessíveis aos simples imortais. E, finalmente, a linguagem envolvida em sua obra inspira a identificação com o distante mundo da imaginação improvável da ficção científica.

Mas logo é possível concluir que esse conjunto de elementos tecnológicos e futuristas tem como objetivo captar apenas manifestações puras e espontâneas que existem na natureza e permitir que sejam capazes de provocar simples sensações e sentidos, alguns dos quais adormecidos e ignorados em nosso subconsciente. Tanaka trabalha com a luz, com a natureza e com o tempo, utilizando uma criatividade “científica” para explorar e investigar esses elementos.

Luminous Cosmic Rays é a obra que Tanaka vem apresentar no 11º Festival internacional Videobrasil -  uma sequência do trabalho exibido na Bienal Internacional de São Paulo em 1991. Ele usa contadores gêiseres para captar raios cósmicos e radiações produzidos na Terra, ou fora dela, que a seu ver constituem manifestações do nosso Universo, da nossa galáxia – como, por exemplo, os ventos solares. Os sinais captados por esse tipo de contador são transformados em feixes de luzes, em raios laser e efeitos sonoros, formando um conjunto dinâmico, constantemente mutável, único a cada momento -  criando assim uma cumplicidade entre o observador, o artista, a natureza e o momento, tornando-os elementos participantes da obra. “Meu propósito é lembrar que existem outros sentidos, além daqueles orgânicos.”

ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL. "11º Videobrasil: Festival Internacional de Arte Eletrônica": de 12 a 17 de novembro de 1996, São Paulo-SP, 1996, p. 74.