A performance Video Opera for Paik, apresentada no Teatro, foi parte da programação À Espera do Século 22: Uma Presença Virtual no Videobrasil 96, em homenagem a Nam June Paik.

Conduzida por Steina Vasulka e Stephen Vitiello, Video Opera for Paik é uma adaptação, feita especialmente para o Videobrasil, da performance Violin Power de Stenia Vasulka, em que um violino comanda as funções de uma TV a laser projetando imagens.

Além disso, Stephen Vitiello recria a estrutura de um trabalho de Paik, no qual funde sua performance musical com imagens de vídeo de outras apresentações de Paik (que participou da performance ao vivo via satélite).

Artistas

Obras

Texto de curadoria 1996

O mestre em cena

Paik aparece em cena ao seu estilo, recriado a partir da própria obra

A Performance Video Opera for Paik é a expressão mais eloquente da múltipla conjunção oferecida pela diversidade de recursos técnicos e conceituais, pela ausência de limites e pela liberdade inovadora da videoarte. Nela convivem linguagens, veículos e artistas diversos, e noções de tempo, distância e espaço físico. É conduzida por dois artistas que viveram intimamente o trabalho do mestre Paik, dividindo sua intimidade e repetindo seus ideais artísticos.

Um deles é Steina Vasulka, célebre artista que participou do nascimento da videoarte e, desde então, é alvo de admiração e prestígio graças à consistência de seus trabalhos. A arte pioneira e inovadora de Steina está intimamente integrada ao universo artístico de Paik. Nascida em 1940 na Islândia, Steina, já formada em música, casou-se com Woody Vasulka em Praga, em 1964 – e com ele estabeleceu uma fértil parceria artística. Foram fundadores do teatro eletrônico The Kitchen, que marcou época em Nova York na década de 70, e estiveram por duas décadas pesquisando as possibilidades de interferir na imagem de TV através dos recursos externos os mais variados.

Desde meados da década de 60, os Vasulka são identificados com o pioneirismo e experiências com tecnologia eletrônica, muitas vezes fabricada por eles mesmos, artesanalmente. A partir de meados da década de 70, Steina, violinista formada no Conservatório de Praga, passa a explorar transformações de visão, espaço e som através da confluência dinâmica de tecnologias digitais, instrumentos mecânicos e paisagens naturais. Mais tarde, essa exploração ganha elementos adicionais, especialmente quando procura integrar os recursos de um instrumento musical, o violino, aos do vídeo, obtendo uma fusão quase absoluta das duas linguagens. Desta maneira, ela desenvolveu a performance Violin Power, na qual comanda as imagens, cada uma das quais responsável por uma função – para frente, para trás, pausa, e assim por diante. Música e imagem não apenas se complementam mas passam a integrar um conjunto único, no qual já não é mais possível compreender cada parte isoladamente. Essa performance, adaptada especialmente para o Videobrasil, terá seu violino comandando funções de laser discplayer que projetará imagens de Steina, algumas das quais em que ela própria aparece, tocando violino vinte anos atrás.

Outro artista a participar da performance é o músico e produtor Stephen Vittiello, diretor de distribuição da Eletronic Arts Intermix, a maior distribuidora de videoarte dos Estados Unidos (que também distribui vídeos de Paik), e requisitado curador de mostras de vídeo para festivais internacionais e programas de museus. É também assistente e colaborador de Paik desde 1991, parceiro na arte e na vida.  Seu projeto é recriar a estrutura de um trabalho desenvolvido pelo próprio Paik, no qual funde sua performance musical com imagens em vídeo de outras apresentações de Paik, em que o mestre faz interagir o som da banda de rock Bad Brains com imagens do artista Joseph Beuys.

ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL, "11º Videobrasil": de 12 de novembro de 1996 a 17 de novembro de 1996, p. 54, São Paulo, SP, 1996.