O egípcio Hassan Khan atua como DJ e VJ na performance, mixando ao vivo uma trilha sonora eletrônica em que usa sons de tabla, tambor oriental tradicional, e imagens em looping do Cairo, a cidade onde vive e trabalha. Conforme Khan, conhecido por seus vídeos, performances, instalações e trilhas sonoras para teatro, Tabla Dubb é a tentativa de criar uma prática cultural excitante, liberadora, questionadora e perigosa, que se apropria de elementos da cultura musical popular egípcia sem fazer coro às discussões reducionistas sobre o “tradicional” e o “contemporâneo” impostas pelo discurso “orientalizador” dominante na cultura. No trabalho, o artista usa música, vídeo e discurso direto — declarações pontuais repetidas — para investigar de forma concentrada a política da co-habitação compartilhada em uma cidade onde o poder é contestado diariamente. Mexida, mixada e distorcida ao sabor de uma galeria de imagens que emergem, de acordo com o artista, de seu engajamento poético com o Cairo, a música faz da performance um convite para ponderarmos sobre a política do corpo em um ambiente urbano caótico: com 15 milhões de habitantes, a capital do Egito é a maior cidade do Oriente Médio e a mais barulhenta do mundo. Khan já mostrou trabalhos na África, na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos. 

Artistas

Obras

Texto crítico Eduardo de Jesus, 24/09/2003

Ao vivo no Cairo

O artista Hassan Khan nos brindou com imagens e sons vindos do Egito. Tabla Dubb, apresentada ontem na choperia, foi um encontro com o som da tabla, instrumento típico do Oriente, envolvido por sons eletrônicos e embalado por imagens da cidade do Cairo. Ao mesmo tempo, uma passagem que nos transporta para outro espaço, para uma nova temporalidade, que coloca a imagem eletônica próxima do espetáculo, reinvidicando não mais só os olhos, mas todo o corpo. As imagens de cenas cotidianas da arquitetura e da vida comum nas ruas são alteradas, recolocadas e, às vezes, interrompidas por outras, recriando o espaço natural. Isso gera um outro contexto espaço-temporal, menos territorial e mais fluido, que parece nos conectar com o imaginário de outra globalização, menos econômica e mais imaginária mais próixma de uma troca do que de uma imposição vertical. Talvez esse seja o momento de nos encontrarmos com outras culturas e contextos políticos revelados, desta vez, através das diversas figurações da imagem eletrônica.