Encontros refletem trajetória e história do Festival

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postado em 28/01/2014
Na última semana de visitação do 18º Festival, duas atividades dos Programas Públicos revisitam a história, abordando trajetória de 30 anos

Um festival realizado pela primeira vez em 1983, em plena redemocratização brasileira, para dar vazão a toda a produção de vídeo realizada na época, em suas contestações de forma, linguagem e política. Este é o marco inicial do Videobrasil. Inicialmente um evento dedicado ao vídeo (Festival Vídeo Brasil), depois um festival de arte eletrônica (1994) e, desde a sua 17ª edição, em 2011, um festival de arte contemporânea, abarcando obras em todos os seus diferentes suportes.

Voltado desde o ano de 1992, quando inicia sua parceria com o Sesc São Paulo, para a produção artística do Sul Geopolítico (América Latina, Leste Europeu, África, Oriente Médio, Sudeste Asiático e Oceania), o Videobrasil, em suas três décadas, fez uma história baseada no pioneirismo e na experimentação no campo das artes. Começando pelo vídeo, uma linguagem nova e contestadora, em 1983, e passando, a partir de 1990, por suas variáveis, como a videoinstalação e a poesia visual. A partir da década de 2000, conforme aprofundava seu processo de internacionalização, o Festival abria-se para novas formas de arte, como a performance, para a qual dedicou a 15ª edição, em 2005, até abrir-se para todos os gêneros e inovações da arte contemporânea do Eixo Sul em 2011.

O Foco 8 - À Luz dos 30 Anos, integrante dos Programas Públicos do 18º Festival, teve início em novembro de 2013 com um encontro que reuniu curadores e pesquisadores envolvidos em duas iniciativas que foram marcos pioneiros na história do vídeo no Brasil. Aracy Amaral retomou no Sesc Pinheiros, ao lado de Roberto Moreira S. Cruz, seu projeto EXPOPROJEÇÃO (1973), primeiro levantamento da produção artística em audiovisual realizado no Brasil; e o MAC homenageou seu ex-diretor, o curador Walter Zanini (1925-2013), criador, em 1976, do primeiro núcleo de videoarte em um museu brasileiro, dirigido à época por Cacilda Teixeira da Costa, presente no encontro.

Os dois últimos debates deste foco, que encerram a 18ª edição do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, em cartaz até o dia 02 de fevereiro no Sesc Pompeia, contextualizam a trajetória do Videobrasil em relação às histórias das suas mostras competitivas e exposições paralelas, e aos movimentos da cena artística do Brasil e do Sul Geopolítico.

O encontro Exposições em Contexto acontece na quinta-feira (30/1), a partir das 20h. Nele, as curadoras Ana Maria Maia e Daniela Labra falam sobre a relação das mostras do Festival com as exposições de arte realizadas no Brasil nas últimas três décadas, tratando ainda do período em que o vídeo, nos anos 1970 e 80, manteve-se à margem dos principais circuitos artísticos do país. O encontro tem mediação da pesquisadora Ana Pato e acontece no Galpão do Sesc Pompeia.

No sábado (01/2), penúltimo dia do Festival, acontece o último encontro dos Programas Públicos desta edição. Em 30 anos: memórias e atualizações a fundadora do Videobrasil e curadora da 18ª edição, Solange Farkas, analisa e debate com o curador, pesquisador e coordenador da Fundação Joaquim Nabuco Moacir dos Anjos, com o professor e curador Eduardo de Jesus e com o jornalista Gabriel Priolli Netto os grandes ciclos de transformação do Videobrasil, relacionando-os às mudanças na cena de arte contemporânea no Sul nas últimas três décadas. O evento acontece também no Galpão do Sesc Pompeia, a partir das 16h, e tem mediação da jornalista cultural e coordenadora editorial do Videobrasil Teté Martinho.


FOCO 8 | À LUZ DOS 30 ANOS

Exposições em contexto
Galpão do Sesc Pompeia | 30.01.2014 (quinta) | 20h
Com: Ana Maria Maia e Daniela Labra | Mediação: Ana Pato

Em 1974, o curador Walter Zanini apresenta no MAC-USP uma das primeiras mostras de videoarte no país. Entre os anos 1970 e 80, à exceção de inserções pontuais em exposições e na Bienal de São Paulo, o vídeo anda à margem de museus e galerias no Brasil. A trajetória do Videobrasil acompanha a absorção do vídeo pelo universo das artes visuais. A mesa relaciona as mostras do Festival e exposições de arte das três últimas décadas.


Ana Maria Maia (Recife, Brasil, 1984) Jornalista e mestre em história da arte. Curadora adjunta do Panorama de Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo, foi assistente de curadoria da 29a Bienal de São Paulo (2009).

Ana Pato (São Paulo, Brasil, 1972) Pesquisadora. Foi diretora de projetos da Associação Cultural Videobrasil. É autora do livro Literatura Expandida – arquivo e citação na obra de Dominique Gonzalez-Foerster (Videobrasil/Edições Sesc São Paulo, 2012).

Daniela Labra (Santiago do Chile, 1974) Curadora independente e crítica de arte, é autora do livro Wanda Pimentel (Museu de Arte Contemporânea, Niterói). Responsável pelo site Artesquema.


30 anos - memórias e atualizações:
01.02.2014 (sábado), 16h | Galpão do Sesc Pompeia
Com: Solange Farkas, Moacir dos Anjos, Eduardo de Jesus e Gabriel Priolli Netto | Mediação: Teté Martinho

O encontro analisa os grandes ciclos de transformação do Videobrasil, relacionando-os às mudanças na cena de arte contemporânea no Sul nas últimas três décadas.


Eduardo de Jesus (Belo Horizonte, Brasil, 1967) Curador e professor do programa de pós-graduação da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC-MG. Foi cocurador de Densidade Local, Festival Transitio-MX, Cidade do México (2008). Integrou a comissão curadora da mostra Panoramas do Sul.

Gabriel Priolli Netto (São Paulo, Brasil, 1953) Jornalista e diretor de televisão. Foi membro do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional.

Moacir dos Anjos (Recife, Brasil, 1963) Pesquisador e coordenador de artes visuais da Fundação Joaquim Nabuco (Recife). Foi curador do pavilhão brasileiro na 54ª Bienal de Veneza (2011) e da 29ª Bienal de São Paulo (2010), e cocurador da 6ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2007).

Solange O. Farkas Fundadora da Associação Cultural Videobrasil e curadora-geral do 18º Festival. Foi diretora e curadora-chefe do Museu de Arte Moderna da Bahia de 2007 a 2010, e curadora convidada das bienais de Sharjah (Emirados Árabes Unidos) e Cerveira (Portugal) em 2011.

Teté Martinho (Rio de Janeiro, Brasil, 1963) Jornalista cultural desde o fim dos anos 1980. Passou por veículos como Folha de S.Paulo, Jornal da Tarde e Bravo!. Editora independente, é coordenadora editorial do Videobrasil.