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  • Ricardo Miyada

    Ricardo Miyada

  • Paulo Miyada e Ricardo Miyada

    Paulo Miyada e Ricardo Miyada

O que faz de alguém um artista?

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postado em 06/06/2014
No segundo curta do projeto Mixtape: 18º Videobrasil, diálogo entre crianças e mediadores sobre temas da exposição da Itinerância em São Carlos suscita questões sobre o fazer artístico, a recepção e o sentido da arte

No Sesc São Carlos, o projeto Mixtape: 18º Videobrasil – uma das duas ações de ativação da exposição Itinerância 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, integrante das atividades dos Programas Públicos do Festival – suscitou questões diferentes das do primeiro vídeo, elaborado no Sesc Pompeia. Neste novo curta, os irmãos Miyada se distanciam do universo da ficção e dão a crianças o protagonismo de refletir sobre a arte e os temas das obras expostas, a partir do diálogo entre elas e adultos. De forma espontânea, as crianças tratam de questões como arte, religião, crença e identidade, contribuindo para uma reflexão crítica sobre as obras, a partir da perspectiva da relação delas com a recepção do público. 

Na noite desta quarta, dia 04 de junho, foram exibidos os dois vídeos dirigidos pelo curador Paulo Miyada, com fotografia e edição de seu irmão, Ricardo Miyada, como resultado das atividades de leitura sobrepostas às exposições do 18º Festival. No vídeo realizado em São Carlos, as crianças Ana Luiza Vellani Marino e Nicolas Pereira de Mori são os protagonistas do curta-metragem Mixtape 2: Videobrasil. Em diálogos provocados por Natália Pelizari e Raphaela Melsohn, elas respondem a questões como ‘O que é um artista?’ e ‘Para que serve é religião?” da mesma forma que responderiam a ‘O que você comeu hoje?’. “Coisa que um adulto teria mais dificuldade de fazer, pois poderia achar a pergunta agressiva, ficar na defensiva...”, explica o arquiteto e curador Paulo Miyada, que aproveitou essa oportunidade para levantar questões abordadas nas obras premiadas pelo Festival, como gênero e sexualidade, racismo, e preconceito. “A resposta dada pelo Nicolas, na qual ele diz que um artista é diferente de alguém que simplesmente faz fotos porque o artista faz muito isso, é uma resposta que teria completa afinidade com o pensamento de Nelson Felix, por exemplo, pois ele é um artista para quem o fazer artístico era quase uma repetição obsessiva do ato de criação. É isso que faz um nadador ser diferente de alguém que sabe nadar, também.”

No debate que aconteceu depois da exibição, Paulo Miyada deixou claro que a sua intenção era chamar atenção para o que acontece quando parece que nada acontece, quando a exposição já abriu. Para Paulo, curadores, artistas e produtores dedicam muita atenção à produção e pouca à recepção, se envolvendo com a exposição até ela abrir. A partir daí, começam a pensar na próxima mostra. São os educadores, seguranças, bilheteiros, que vivem esse segundo momento, quando o público passa a visitar as obras e a construir novos sentidos, em um diálogo que se estabelece entre eles e as obras. “O que as pessoas trazem para uma exposição? Como elas re-elaboram o sentido das obras, quando o seu conjunto de crenças e ideologias se cruzam com as intenções e atitudes artísticas? Para mim, uma exposição é como um presente. Cada vez que dou um presente para alguém, posso receber algo em troca. Quero entender como podemos receber as recíprocas do público.”, finaliza Miyada.

As ações de ativação dos Programas Públicos da Itinerância do 18º Festival continuam em São Carlos, com a apresentação da performance Público, de Carolina Medonça, na quinta, dia 05 de junho.

Em breve, assista a Mixtape 2: 18º Videobrasil no Canal VB.


MIXTAPE 2: 18º VIDEOBRASIL
SESC SÃO CARLOS

com Ana Luiza Vellani Marino e Nicolas Pereira de Mori
participação Natália Pelizari e Raphaela Melsohn
direção PAULO MIYADA
fotografia e edição RICARDO MIYADA
som HENRIQUE CHIURCIU
produção local GABRIELA LORETI

OBRAS CITADAS
My Father, Basir Mahmood
We Are One, LucFosther Diop
O Samba do Crioulo Doido, Luiz de Abreu
Funfun, Ayrson Heráclito