• Bouchra Khalili, The Mapping Journey Project, 2010, videoinstalação

    Bouchra Khalili, The Mapping Journey Project, 2010, videoinstalação

Bouchra Khalili

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postado em 14/08/2014
Série da artista marroquina sugere cartografia de resistência contra redes de poder arbitrário

Nascida no Marrocos, Bouchra Khalili atualmente vive em Berlim. Ela cresceu entre Casablanca e Paris, onde se graduou em Cinema e Artes Visuais. A artista tem interesse em discursos, estratégias e táticas de resistência desenvolvidos e narrados por membros de minorias políticas, das quais ela considera os migrantes como parte. Em entrevista de 2006, publicada no FF>>Dossier 026 e conduzida pelo curador Eduardo de Jesus, a artista revela que seu interesse pelo vídeo se deve à impureza do meio, que parece propícia “à invenção de um cinema pessoal, experimental”.


Seu trabalho, representado no Acervo Videobrasil, articula espaços de transição, linguagem e subjetividade para sugerir uma reflexão a respeito das complexas interações entre migrações contemporâneas, históricos coloniais, e geografia física e imaginária na era da globalização.

Na exposição Memórias Inapagáveis, quatro vídeos da videoinstalação The Mapping Journey Project (composta de oito vídeos monocanal) serão projetados simultaneamente. Nos vídeos criados entre 2008 e 2011, indivíduos forçados a viajar clandestinamente descrevem, com precisão e com as próprias palavras, suas trajetórias complexas enquanto as desenham sobre um mapa político do mundo. Bouchra declara à PLATAFORMA:VB que o assunto central dessa obra é a implicação de uma cartografia de resistência: The Mapping Journey Project questiona como um ser humano ainda é capaz de resistir apesar de preso nas redes de poder arbitrário.

O curador Omar Berrada assina o texto sobre esta obra no livro da exposição, que será lançado em outubro como parte da programação dos Programas Públicos. Impactado por ela, Berrada afirma: “você sente que entendeu o que querem dizer com ‘trabalhadores sem documentos’, longe das estatísticas e dos discursos turvos sobre imigração, terceiro mundo, economia europeia ou crise financeira. Essas pessoas deram uma lição de política, economia, humanidade. Não fosse a forma inventada por Bouchra Khalili de hospedar suas vozes, você talvez não tivesse conseguido ouvir a lição.”


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