• Sebastián Diaz Morales, Lucharemos hasta anular la ley, 2004, vídeo 
    Sebastián Diaz Morales, Lucharemos hasta anular la ley, 2004, vídeo 

Sebastian Diaz Morales

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postado em 14/08/2014
Artista argentino levanta artisticamente a força comunitária contra a violência de estado

Os vídeos e videoinstalações do argentino Sebastian Diaz Morales exploram as possibilidades da narrativa, situando-se entre o documentário e a representação. Seu trabalho aborda a relação entre imagem e realidade e, de acordo com seu depoimento ao Canal VB, é um “questionamento sobre os procedimentos de como registrar a realidade de uma forma nova – ou até que ponto ela chega”. É sobre os limites da ficção e o questionamento dos meios de comunicação que versam as obras de Sebastian Diaz Morales presentes no Acervo Videobrasil.


A curadora Sophie Goltz, que assina o texto sobre o artista no livro Memórias Inapagáveis, nota que Diaz Morales se dedica à abstração e à transformação de tópicos melancólicos do século XXI a partir de sua análise do cotidiano. Política, perda de identidade, violência econômica e social estão entre os temas de suas obras.

Em Lucharemos Hasta Anular la Ley (2004), assistimos às cenas quase desfeitas de uma manifestação. Vultos de difícil identificação atacam as imponentes portas e janelas de um prédio, vozes e ruídos se sobrepõem desordenadamente. Não conhecemos o sujeito ou objetivo, mas as imagens do acontecimento reavivam memórias em formas de protesto político e organização coletiva. Diaz Morales desvirtua a imagem a ponto de ela não ser passível de categorização: “minha ideia era desvincular o protesto de qualquer ação específica. O tratamento aplicado na imagem visa a situar a manifestação em um tempo abstrato, que poderia ser no futuro ou no passado”. Ao extrair do protesto as explanações tendenciosas que a acompanhariam na mass media, o artista chega ao cerne desse ato político que poderia ser qualquer um. O artista declara que a televisão espetaculariza ações desse tipo e as usa com fins comerciais e políticos. A confusão entre realidade e ficção é, em sua opinião, inerente ao meio televisivo, que direciona o olhar sobre a realidade com intenções parciais. “Por sua visibilidade e alcance, [o meio televisivo] gera uma realidade paralela”, conclui.


Sebastian Diaz Morales fala sobre questões entre imagem e realidade

Em entrevista à PLATAFORMA:VB, Diaz Morales explana que se trata de gravação, feita por seu irmão, de um protesto em frente à Câmara de Buenos Aires. A manifestação era contra a aprovação de uma lei que proibia que vendedores ambulantes, travestis e prostitutas trabalhassem em determinada região da cidade. Inicialmente assustadora, a violência contra o patrimônio pode ser entendida como resposta à violência política. Sobre este aspecto, o curador Marcio Harum comenta no FF>>Dossier 052: “Diaz Morales levanta artisticamente a força comunitária contra a violência da política suja da Lei de Estado contra o cidadão e a cidadania”.

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