Perguntas às pedras [Série 3] 2016, carimbos, dimensões variáveis Giselle Beiguelman

Explorando o domínio das estéticas da memória, a série Perguntas às pedras constitui um mapa das perplexidades da artista em contextos variados. A Série 1, exibida durante a Bienal da Bahia em 2014, questionou a relação entre arquivos e cemitérios; a Série 2, realizada como parte do projeto Memória da Amnésia, em 2015, interroga as políticas da memória e dos patrimônios públicos como políticas do esquecimento. Esta Série 3 parte das indagações da artista sobre sua história sem rastros, em busca de uma narrativa para sua história familiar, cujas raízes Beiguelman visitou em viagem à Polônia. Apresentada como um conjunto de carimbos, a obra se refere à experiência de marcação dos corpos dos prisioneiros dos campos de extermínio nazistas. A artista faculta ao público a possibilidade de desconstrução da experiência de violência e dor que impregna de forma indelével a memória do século XX. A obra foi comissionada pelo Adam Mickiewicz Institute.

Perturbadoramente familiar 2016, áudio, 26’22”, loop / 16 postais de 10x15 cm Giselle Beiguelman

Diário visual e textual da primeira viagem da artista à Polônia, de onde seus avós vieram refugiados da Primeira Guerra Mundial. A obra é constituída por uma instalação sonora e 16 postais que, em conjunto, narram a experiência de sua viagem por meio de imagens, relatos pessoais e citações de autores como Hal Foster, Andreas Huyssen e Vilém Flusser. Restos de uma memória narrada, ela reúne fragmentos que revelam por justaposição e livre associação relações tácitas entre tópicos variados, tais como o ocultamento da memória pela capitalização do design e a impossibilidade do século XX de produzir ruínas, lançando o espectador entre escombros e reflexões sobre a opacidade da neblina. Registram também uma tensão entre administração da memória e políticas do esquecimento, situações de pertencimento e de exclusão cultural. A obra foi comissionada pelo Adam Mickiewicz Institute.

Quanto pesa uma nuvem? 2016, vídeo, 4’40”, loop / fotografia, 120x210 cm Giselle Beiguelman

Composta por um vídeo e uma fotografia de dimensões idênticas, extraída de um still do mesmo vídeo, a obra homônima à exposição registra o percurso de carro realizado pela artista entre Cracóvia e Auschwitz em um dia de neblina fechada. O registro do trajeto é feito de forma a confundir os pontos de início e fim do percurso, o que, em conjunto com a aproximação espacial de imagem estática e imagem em movimento, cria uma zona de indistinção entre os dois elementos. A obra reflete sobre a impalpabilidade da dor, a vertigem e o impasse do turismo que canibaliza a história. O trabalho dialoga com uma narrativa sem rastros por meio de imagens imprecisas, em contínuo apagamento de si mesmas. Imagens que são uma incursão em paisagens que são pura memória. A obra foi comissionada pelo Adam Mickiewicz Institute.