OBRAS
Raça Negra
Nilson Araújo
(1988, vídeo, 22’30”)
Documentário sobre a condição dos negros no Brasil desde a escravidão até os dias de hoje, no ano do centenário da Abolição da Escravatura. Depoimentos de políticos, estudiosos e da população sobre a escravidão, discriminação e preconceito.

Racismo policial
Frente 3 de fevereiro
(2004, vídeo, 14’51”)
Em intervenções concebidas para o projeto Zona de Ação, do SESC São Paulo, os coletivos Frente 3 de Fevereiro e A Revolução Não Será Televisionada distribuem cartazes com a pergunta do título, “Racismo Policial – Quem policia a polícia?”, pelo bairro Jardim São Luiz, na zona sul, próximo ao batalhão de polícia mais violento da cidade de São Paulo. Entrevistas, perguntas e performances são realizadas junto aos policiais e moradores da região. Parado em frente a uma delegacia, Daniel Lima desafia o conceito de "atitude suspeita", segunda maior causa de morte de civis envolvendo policiais militares.

15 filhos
Maria Oliveira, Marta Nehring
(1996, vídeo, 18’41”)
Documentário em preto e branco, com depoimentos de filhos e filhas de mortos ou desaparecidos na ditadura militar brasileira, em que relatam suas lembranças da época e os sentimentos de revolta e indignação que ainda carregam. As diretoras, também filhas de presos políticos, dão seus depoimentos.

Bare Life Study #1
Coco Fusco
(2005, registro em vídeo de performance, 14’09”)
Performance realizada em 2005, no marco do 15º Festival. Seu leitmotiv parte das revelações fotográficas escandalosas que foram exibidas como parte dos acontecimentos no exército Norte-americano, na prisão de Abu Ghraib, nas prisões secretas de Bagram no Afeganistão, e na Base Naval de Guantánamo em Cuba, onde colocam em evidência o uso da feminilidade como arma de controle e humilhação. A recriação do abuso se observa na submissão dos jovens reclusos, que acatam sem hesitar a voz de sua comandante, e acocorando-se em um ato inerte, ‘limpam’ com uma escova de dentes as ruas de São Paulo. A obra foi comissionada pela Associação Cultural Videobrasil.
Politik
Marcello Mercado
(2001, registro em vídeo de performance, 14’08”)
O artista argentino protagoniza uma performance fortemente politizada, que coloca o corpo no centro de uma discussão sobre manipulação, vigilância e violência. Ao fundo, monitores exibiam imagens chocantes de pessoas torturadas pela ditadura argentina, além de cenas de necropsia e retratos de desaparecidos.

Nove
Fábio Almeida, Juvenal Pereira
(1994, vídeo, 6’18”)
Videomontagem com imagens fotográficas do massacre no Pavilhão Nove do presídio do Carandiru, em São Paulo. Imagens dos policiais envolvidos, dos detentos vivos e mortos e de seus familiares.

Pivete
Geraldo Anhaia Mello, Lucila Meirelles
(1987, vídeo, 5’43”)
O curta documental foi feito a partir de filmagens realizadas na Febem do Tatuapé, maior complexo de detenção de jovens infratores à época. Lucila conseguiu autorização para entrar na unidade a fim de filmar os menores de idade falando e se expressando livremente para a câmera e o microfone, sem mediação. Temas como liberdade, drogas e brincadeiras são abordados pelos meninos e meninas quando não estão sob a tutela dos carcereiros. Por meio de uma linguagem poética e informal, valorizando gestos, olhares e atitudes, o vídeo rompe com a perspectiva institucional sobre o jovem infrator nos documentários e nos oferece uma visão dele por ele mesmo.

Derivado da minha beleza
Fernanda Gomes, Luciana Barros
(2004, vídeo, 7’22”)
Famoso nos anos 70, o travesti Cintura Fina faz parte da história de Belo Horizonte. O vídeo lembra o personagem e seu universo marginal, com depoimentos, fotografias e gravações em VHS.

Senhora liberdade
Caco Souza
(2004, vídeo, 17’58”)
Em um longo depoimento, no Presídio de Ilha Grande, William da Silva Lima fala do nascimento do Comando Vermelho, potência do crime organizado carioca. Depois de 36 anos de pena, Lima está prestes a ser libertado.

Stultifera Navis
Clodoaldo Lino, Eduardo Medrado
(1987, vídeo, 38’50”)
Documentário sobre a colônia psiquiátrica Juliano Moreira, no Rio de Janeiro, com imagens e depoimentos dos internos, entrevistas com o filósofo Carlos Henrique Escobar, com os psiquiatras Jurandir F. da Costa e Pedro Cabral e o psicanalista Joel Birman. O nome Stultifera Navis (Nau dos Loucos ou Nau dos Insensatos) dá nome a um capítulo de “História da Loucura”, de Michel Foucault.

Tereza
Caco Souza, Kiko Goifman
(1992, vídeo, 15’56”)
Tereza, palavra com múltiplos sentidos na vida das prisões, é o termo que conduz o documentário sobre presidiários e suas histórias. Com textos de Jean Genet, Percival de Souza e S. Paezzo e depoimentos dos presos, foi feito na Penitenciária 1 e no 5º Distrito de Polícia de Campinas.

Driving to the ends of the earth
Erin Coates
(2016, vídeo, 11’21”)
A artista e seu cão fazem uma longa viagem de carro. Ao volante, ela mastiga linguiças e verduras, rega as plantas do banco traseiro, conversa por mensagem de texto no celular e de vez em quando faz carinho no vira-lata que, sentado no banco do passageiro, observa com interesse os rituais de sobrevivência e entretenimento da humana. Ambos parecem ignorar a sucessão de cenários catastróficos que o chroma keynos mostra pelos vidros do carro. Com duas câmeras estáticas, que se alternam mostrando o rosto e a nuca desses dois personagens, e efeitos sonoros que elevam as mastigações e as coceiras ao mesmo volume dos incêndios e meteoros do lado de fora, o vídeo nos mostra essa viagem fictícia e cômica rumo a um fim de mundo imprevisível.

The politics of choice and the possibility of leaving
Megan-Leigh Heilig
(2018, vídeo, 15’)
Uma conversa íntima, ao pé do ouvido, entre um casal de namoradas. Quando não estão recolhidas no quarto, elas se aventuram por estradas para descobrir paisagens. Nesse momento, no entanto, outro tipo de viagem está para acontecer. A artista documentou, na obra, os dias que precederam sua viagem da África do Sul à Bélgica, onde iria viver. Sua namorada, por outro lado, depois de anos vivendo na África do Sul, teria de voltar a seu país de origem, a Namíbia, onde a homossexualidade é criminalizada. A complexidade das fronteiras, dos percursos e das identidades é o fio condutor dessa espécie de diário lírico de uma partida.

Across Lips
Alyona Larionova
(2016, vídeo, 11’09”)
O vídeo se dispõe a encontrar uma imagem capaz, se não de representar, de dar conta da complexidade do momento atual de globalização total e revolução digital. A presença hegemônica dos sistemas de guarda, organização e troca de informação na vida social e subjetiva encontra uma metáfora na improvisação característica do jazz.
