Com performances que desafiam os próprios conceitos tradicionais da modalidade, o Videobrasil continua este ano com o que já tornou uma tradição: o estímulo a artistas que vêm pesquisando híbridos resultantes da combinação e do diálogo entre imagem em movimento, música, dança, o próprio corpo e o espaço cênico. Nesta edição, Alexandre da Cunha, Eder Santos, Luiz Duva e Marcello Mercado – premiado no 13º Videobrasil – são os representantes dessa forma de expressão viva e em constante transformação. O programa, variado e com diferentes abordagens, leva adiante a idéia do festival de promover uma espécie de permanente laboratório pensante.

Luiz Duva faz uma combinação de música e imagem, com a participação de DJs.

Artistas

Obras

Texto de curadoria 2001

Live Images é o encontro de imagens e sons, a construção de novos sentidos a partir dessa combinação e da provocação sensorial. Criada por Luiz Duva, a apresentação audiovisual dá continuidade a uma já longa pesquisa do artista com a imagem, sua potencialidade, a possibilidade de transformá-la a partir da interação com a música, subvertendo a mensagem inicial. Em Live Images, o que se vê não são narrativas literais, mas sim o sentido refeito: como em obras anteriores, técnicas como o scratch e a mudança da velocidade real transformam o material bruto previamente filmado.

Para Duva, mais importante que a construção de narrativas convencionais são as imagens, que falam por si mesmas. Artista que já trabalhou com documentários e videoarte, passando também pela ficção e pelas videoinstalações, ele explora em suas performances a criação de ambientes sensoriais. Em Live Images, as imagens pré-gravadas – divididas em temas que podem ser cenas, sensações e/ou movimentos envolvendo personagens –, carregadas num computador, vão sendo editadas ao ritmo da música. "Vão se formando longas frases de repetição – seja pelos scratchs ou pelas diferentes maneiras de andamento do vídeo – que revelam novas relações ora entre as imagens, ora entre frames de uma mesma imagem. O som, que serve de base para as imagens, da mesma forma mescla bases pré-gravadas com equipamentos que são manipulados ao vivo", diz Luiz Duva.

Na performance inédita que será apresentada no 13o Videobrasil, as imagens manipuladas ganham cores e texturas que permitem ainda pensar em pinturas. Em Live Images, a combinação de som e imagens não deve ser observada de forma estática. A obra, afinal, foi pensada para apresentação noturna, num local onde as pessoas estariam dançando e, dessa forma, participando do ambiente sensorial. Imagem e som se somam, criando por fim um terceiro elemento.

ASSOCIAÇÃO CULTURAL VIDEOBRASIL, "13º Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil": de 19 a 23 de setembro de 2001, p. 206, São Paulo, SP, 2001.