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Ensaio Dominik Barbier, 1990

Instalação

“Instalação“ é o termo inventado em 1874 pelo crítico Duranty para descrever a obra de Degas “tratava-se simplesmente de uma fotografia preto e branco e de sua transcrição para tela, sendo que o projeto do pintor-fotógrafo era expô-las lado a alado, e sem comentários. Devido aos conselhos de Baudelaire, para quem a fotografia tinha contribuído sobretudo para o “empobrecimento do gênio artístico francês”, parece que Degas renunciou a esta idéia e se contentou em expor apenas o quadro, uma “bailarina diante do espelho”, na galeria Duran-Ruel.

Degas acabava de criar o conceito de instalação, que iria atravessar toda a história da arte moderna: o objeto artístico existe em função do resto do mundo e, em particular, do espectador. Da mesma forma, a física moderna descobriu que não há real pré-existente: há apenas o ponto de vista do observador.

Igualmente, não há pinturas parietais nem gravuras nas cavernas paleolíticas, não há quadros, esculturas, vitrais, afrescos, capitéis, colunas, etc... nas catedrais da Idade Média. Não há o objeto. Há um conjunto único, complexo e organizado para um ritual. Ou seja, uma instalação.

Existe uma arte das cavernas que não é apenas pré-histórica, na qual as imagens (os ídolos) são inseparáveis da arquitetura (a Natureza) e onde o visitante participa do ritual (comunicação com os mortos): junto criam uma representação de todo o Universo.

Cavernas, catedrais, mistérios...nos tempos religiosos; teatros, balé, ópera... nos tempos mais profanos. O espetáculo total reúne todas as formas de arte. Uma instalação é uma imagem do mundo: imago mundi.

A arte eletrônica ainda se encontra em sua pré-história, quando tudo ainda é possível, tudo está por ser inventado: o tempo do sonho e o tempo de todos os perigos.

8th Fotoptica Internacional Video Festival. 09 a 15 de Novembro de 1990. p. 83.