• León Ferrari & Ricardo Pons, Casa Blanca, 2005, vídeo

    León Ferrari & Ricardo Pons, Casa Blanca, 2005, vídeo

León Ferrari & Ricardo Pons

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postado em 14/08/2014
Crítica ao imperialismo norte-americano é tema central da colaboração entre os artistas

Um dos mais contestadores artistas da América Latina, o argentino León Ferrari foi autor de uma obra politizada traduzida em diferentes mídias. Guerras, religiões, governos tirânicos e a hegemônica influência norte-americana foram assuntos criticados por Ferrari, que recebeu o Leão de Ouro na Bienal de Veneza em 2007. Sua obra está em coleções como a do Museum of Modern Art (Nova York, EUA), da Daros Latinamerica (Zurique, Suíça), da Tate Gallery (Londres, Reino Unido) e do Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Argentina).


O questionamento da própria arte é cíclico na trajetória de León Ferrari. Em 1964, o artista reagiu contra a pintura com Cuadro Escrito. Considerada precursora da arte conceitual, a obra é a pintura ideal de León Ferrari, descrita através de palavras grafadas a tinta sobre papel. Em 2004, em colaboração com o músico e artista audiovisual Ricardo Pons, testa novamente os limites e métodos da pintura ao depositar minhocas vivas sobre tela branca. León declarou que, enquanto Pons as filmava, as minhocas se deslocavam e cobriam a superfície pictórica, criando um “quadro movediço”.

O vídeo Casa Blanca (2005) é um desdobramento desta experiência. Em consonância com seu posicionamento político anti-imperialista, Ferrari coloca as minhocas sobre um modelo tridimensional da Casa Branca, símbolo maior do poder norte-americano, novamente com registro em vídeo de Pons. A trilha sonora foi feita a partir do registro em áudio de uma performance de Ferrari feita no Brasil, nos anos 1980. Os sons eram obtidos através de golpes desferidos por Ferrari sobre suas esculturas de arame.

Criado durante o governo de George W. Bush, Casa Blanca remete a invasões de monstros e alienígenas dignas de filmes de terror. A intenção, conforme Ricardo Pons declara à PLATAFORMA:VB, “é provocar o espectador com insetos profanando ícones religiosos e capitalistas”.

Inés Katzenstein, curadora que assina ensaio sobre a obra no livro Memórias Inapagáveis, considera Casa Blanca um trabalho com as clássicas características de León Ferrari, “por seu alto nível de simplicidade metafórica e técnica, por sua entrega absoluta a dizer exatamente o que quer dizer,  por se entregar a imaginar três minutos de fantasia destrutiva contra o  centro do poder, sem apagar a mensagem política em favor da arte”. Casa Blanca passou a fazer parte do Acervo Videobrasil a partir da 16ª edição do Festival (2007).


 

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