• ABDOULAYE KONATÉ
(Mali, 1953. Vive e trabalha em Bamako, Mali)

    ABDOULAYE KONATÉ
    (Mali, 1953. Vive e trabalha em Bamako, Mali)

  • GABRIEL ABRANTES
(EUA, 1984. Vive e trabalha em Lisboa, Portugal)

    GABRIEL ABRANTES
    (EUA, 1984. Vive e trabalha em Lisboa, Portugal)

  • RODRIGO MATHEUS
(Brasil, 1974. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil)

    RODRIGO MATHEUS
    (Brasil, 1974. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil)

  • SONIA GOMES
(Brasil, 1948. Vive e trabalha em Belo Horizonte, Brasil)

    SONIA GOMES
    (Brasil, 1948. Vive e trabalha em Belo Horizonte, Brasil)

  • YTO BARRADA
(França, 1971. Vive e trabalha entre Tânger e Nova York)

    YTO BARRADA
    (França, 1971. Vive e trabalha entre Tânger e Nova York)

Comissão Curadora anuncia a lista de artistas convidados para o 19º Festival

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postado em 03/05/2015
Com reconhecimento internacional e pesquisas voltadas a questões do Sul, Abdoulaye Konaté (Mali), Gabriel Abrantes (Portugal), Rodrigo Matheus (Brasil), Sonia Gomes (Brasil) e Yto Barrada (Marrocos/França) participam da exposição de artistas convidados do 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil

Em edições anteriores, grandes exposições individuais de artistas como Olafur Eliasson e Peter Greenaway marcaram as mostras paralelas à exposição de artistas selecionados via convocatória pública do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, estimulando o intercâmbio entre as produções artísticas do Sul e do Norte do mundo. Este ano, o 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Panoramas do Sul aprofunda a reflexão em torno do Sul global e conta com uma exposição de artistas convidados.

Abdoulaye Konaté (Mali), Gabriel Abrantes (Portugal), Rodrigo Matheus (Brasil), Sonia Gomes (Brasil) e Yto Barrada (Marrocos/França) foram os artistas convidados pela comissão formada pelos curadores Bernardo de Souza (Rio Grande do Sul, Brasil), Bitu Cassundé (Ceará, Brasil), João Laia (Lisboa, Portugal) e Júlia Rebouças (Sergipe, Brasil), que trabalham em colaboração com Solange Farkas, curadora-geral do Festival. As obras escolhidas atestam a potência da produção artística desse recorte geopolítico e refletem a radicalização da proposta desta edição, que transformou o Sul e suas múltiplas questões em pontos de partida de todos os seus eixos curatoriais. O 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Panoramas do Sul acontece de 6 de outubro a 6 de dezembro de 2015, em diferentes espaços da cidade de São Paulo, Brasil. Os cinco artistas foram convidados com base em suas trajetórias e pesquisas — referenciais no contexto do Sul global —, e nos parâmetros curatoriais que guiam esta edição.

Abdoulaye Konaté, um dos mais reverenciados artistas contemporâneos da África, foi o primeiro artista convidado para o 19º Festival, marcando o início da pesquisa curatorial desta edição. Abdoulaye apresentará uma obra inédita, comissionada especialmente para esta edição do Festival: um painel em grandes dimensões, feito em tecido, técnica desenvolvida por ele desde a década de 90 e que atualiza essa fundamental forma de expressão africana. Os comentários contundentes sobre assuntos políticos e ambientais de relevância global, combinados às tradições artesanais e estéticas do Mali, tornaram sua obra central ao Festival e à escolha dos demais artistas convidados. Os efeitos nefastos da globalização, a violação dos direitos humanos, os genocídios, impactos da AIDS, o desflorestamento, as ditaduras e guerras, o extremismo religioso e a imigração africana são alguns dos temas abordados em sua obra. A suavidade da tecelagem se opõe à dureza dos assuntos trabalhados por Abdoulaye, tornando sua crítica ainda mais poderosa. Konaté participou da Documenta 12 (2007), de bienais na África, como a Dak’Art e a Bienal de Johanesburgo, expôs em museus como o Centre Pompidou (Paris, França), o Moderna Museet (Estocolmo, Suécia) e o Stedelijk Museum (Amsterdã, Holanda), e tem obras nas coleções do Metropolitan Museum of Art (Nova York, EUA) e do Musée National du Mali (Bamako, Mali), entre outras. Recentemente, teve grande mostra retrospectiva na Blain|Southern, em Berlim, sob curadoria de Koyo Kouoh, diretora artística da Raw Material (Senegal) e membro do Júri de Premiação do 18º Festival (2013).

Com ressonâncias na cultura africana e tendo também o tecido como principal matéria, a obra de Sonia Gomes dialoga com a  produção de Konaté. Aos 67 anos, a artista brasileira desenvolve há mais de quatro décadas suas obras, embora apenas recentemente tenha ganhado reconhecimento público, marcado pela participação na mostra principal da 56ª Bienal de Veneza. Em seu trabalho, Sonia Gomes produz estruturas tridimensionais complexas, com tecidos submetidos a torções, bordados e sobreposições. Não se tratam, no entanto, de materiais novos e recém-adquiridos, mas impregnados de passado, encontrados ou recebidos pela artista. Nascida na cidade de Caetanópolis, importante centro têxtil em Minas Gerais, a artista traduz em sua obra a influência popular da avó materna, que atuava como parteira e benzedeira, bem como a influência erudita da família paterna, de quem recebeu educação formal. Sonia Gomes cria um cosmo particular, ligado à memória familiar, à identidade racial, à história social, ao mesmo tempo em que discute as possibilidades da escultura. Trabalhos de séries como Torções e Patuás serão unidos para a exposição, gerando uma obra inédita em grande escala.


O trânsito nas obras de Yto Barrada
A compreensão dos fluxos migratórios é o foco da pesquisa da artista convidada Yto Barrada (Marrocos/França)

A obra da franco-marroquina Yto Barrada, premiada recentemente com o The Abraaj Group Art Prize, trata das complexas relações entre África e Europa. Wallpaper — Tangier, que será exibida no 19º Festival, é a reprodução fotográfica, em grandes dimensões, do papel de parede que a artista encontrou no interior de uma cafeteria em Tânger, que reproduz uma paisagem alpina. Além de ser um claro exercício de metalinguagem e discussão sobre a natureza da imagem, o trabalho denuncia como ambos os cenários (o original e o do café) perdem suas identidades particulares e são observados sob a ótica do exotismo. Presidente-fundadora da Cinémathèque de Tanger (dedicada ao desenvolvimento da cultura cinematográfica no Marrocos), Yto observa as barreiras políticas, físicas e psicológicas que moldam a vida dos marroquinos, e questiona: qual é a condição de um lugar do qual o povo quer sair? Enquanto o governo do Marrocos se empenha em atrair turistas, milhares de marroquinos realizam a ilegal e perigosa travessia até a Europa via Estreito de Gibraltar, ao qual Tânger tem acesso.

Desvios do olhar
Gabriel Abrantes (Portugal) questiona noções de territórios e a globalização por meio da linguagem cinematográfica, enquanto Rodrigo Matheus (Brasil) se apropria de objetos cotidianos, industriais ou orgânicos, criando estranhamentos, novos sentidos e possibilidades de representação

Em sua obra, o português Gabriel Abrantes subverte e problematiza as convenções hollywoodianas ao transpô-las à realidade de territórios onde, segundo o artista, “o futuro está a se desenhar”. Apontado como jovem revelação da arte portuguesa pela Fundação EDP em 2009, Gabriel discute os efeitos do colonialismo, da globalização e as identidades culturais e sexuais em filmes rodados em países como Angola, Brasil, Sri Lanka e Haiti. O artista participa do 19º Festival com Liberdade (2011), curta-metragem filmado em Luanda, uma metáfora sobre o país diante do massivo número de imigrantes vindos da China, encarnada por um rapaz sexualmente impotente em relacionamento com uma bela chinesa. Liberdade foi premiado no Locarno Film Festival (Suíça) e no IndieLisboa (Portugal), ambos em 2011. Um programa de vídeos de sua autoria integra a programação do Festival.

Por fim, o brasileiro Rodrigo Matheus participa do 19º Festival com trabalhos site-specific que, distribuídos pelo espaço expositivo, sugerem pontes entre as obras dos demais artistas convidados, funcionando como uma espécie de amálgama da exposição. Apropriando-se de artefatos industriais ou materiais orgânicos encontrados nos centros urbanos e no meio ambiente, Rodrigo Matheus cria corpos escultóricos que tratam das relações híbridas entre cultura e natureza. Ao operar justaposições ou confrontos entre estes elementos, o artista quebra a lógica da produção em massa e explora novas possibilidades de representação e a própria noção de funcionalidade, criando estranhamentos e novos significados para as tecnologias que nos eram familiares. Sua obra está presente em coleções como a do Instituto Inhotim e do Museu de Arte Moderna de São Paulo.


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