Mãe do cineasta Glauber Rocha, Lúcia Rocha funda em 1983, dois anos após a morte do artista, a fundação Tempo Glauber, destinada à preservação e à catalogação do acervo do diretor, bem como ao fomento do estudo e reflexão sobre a prática cinematográfica. Quando do exílio do filho durante a ditadura civil-militar, Lúcia empenha-se em preservar seu acervo, escondendo-o e transferindo-o da Bahia para o Rio de Janeiro frequentemente, dado o medo do filho de que fosse destruído pelos censores caso encontrado. Durante as décadas de 1960 e 1970, acolheu em sua casa inúmeros artistas, poetas e intelectuais, como Caetano Veloso e João Ubaldo Ribeiro, entre outros. Inicialmente sediada no Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, a instituição transfere-se três anos depois para sede própria, num imóvel pertencente ao INSS. Entre 1993 e 1995 o arquivo diminui significativamente suas atividades por falta de patrocínio, estabelecendo-se de maneira definitiva apenas no ano 2000, quando o imóvel é finalmente cedido pelo governo do estado para a Tempo Glauber, tendo Lúcia como curadora.